Farmacêutico se destaca no cenário internacional com pesquisa sobre alzheimer

Pesquisador da USP de Ribeirão Preto, Gustavo Alves tem apresentado seu trabalho em diversos países

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Responsável pelo estudo brasileiro que pode vir a identificar o alzheimer no organismo, por meio de um exame da saliva, mesmo antes de uma pessoa desenvolver, o farmacêutico-bioquímico, Gustavo Alves dos Santos, professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo MANDIC de Araras (SP) e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP) atua como farmacêutico hospitalar há 31 anos e também integra pesquisas sobre o cuidado farmacêutico ao paciente idoso. O doutor em biotecnologia reuniu conhecimentos adquiridos aos longo dos anos de experiência no livro Pharmacological Treatment of Alzheimer's Disease: Scientific and Clinical Aspects (Tratamento farmacológico da doença de Alzheimer: aspectos clínicos e científicos), publicado em 2022 (em inglês), e tem viajado o mundo para divulgar seu trabalho.  

Em estudo pioneiro, em 2012, Gustavo Alves e sua equipe identificaram a possibilidade de usar a saliva no diagnóstico do alzheimer. "No início até fomos de certa forma não tão bem reconhecidos, pois se acreditava que saliva não era um bom fluido para fazer diagnósticos, não somente de Alzheimer. Interessante é que, na sequencia, vimos a saliva passar a ser usada para teste de AIDS, alguns tipos de câncer de mama por análise proteômica, cortisol etc", lembra. 

Atualmente, o farmacêutico diz que o seu trabalho está recebendo muito reconhecimento, tanto no Brasil quanto no exterior. "Tem sido muito bacana, pois tenho participado de grupos com colegas de outros países, fóruns de discussão, presenciais nos congressos fora do Brasil ou remotos; além de alguns convites e trocas de experiências. Em 2022, julho, em San Diego, Estados Unidos, na conferência internacional de Alzheimer, tivemos uma reunião do grupo que estuda Biomarcadores em Alzheimer, eu era o único da América Latina", comemora. 

Gustavo Alves explica que, gradativamente, o Brasil tem sido convidado para participar e tem realizado alguns projetos de pesquisa importantes, aqui ou fora, mas diz que, infelizmente, ainda é um dos poucos farmacêuticos envolvidos nessa jornada internacional de pesquisa. "Tem alguns colegas, não exatamente farmacêuticos, mas pesquisadores fazendo isso. Para mim, por ser farmacêutico é curioso, sou quase que uma exceção, inclusive nas reuniões lá fora, pois a maioria são médicos pesquisadores, e outras profissões. O farmacêutico é fundamental, pois ele tem um leque imenso de atuação pelo conhecimento que possui, mas veja , precisa estar preparado", alerta. 

Alzheimer

Em 2019, o pesquisador fez uma apresentação no Congresso da ASHP (American Society of health system pharmacists") em Las Vegas, Nevada, nos Estados Unidos, sobre a atuação do farmacêutico clínico em pacientes com doença de Alzheimer. Durante a pandemia, realizou uma participação remota em um congresso de Chicago, também nos EUA, sobre o uso de medicamentos para Alzheimer e sobre a Cloroquina. "Isso chamou muito a atenção, inclusive me apresentei ao lado de pesquisadores de Centros de pesquisa renomados. Existe uma corrida do ouro, tenho usado esse termo, para a descoberta de uma vacina contra o Alzheimer, existem varias pesquisas. Mas a questão é qual estratégia, usar imunização ativa ou passiva?", questiona. Além disso, Gustavo e a comunidade científica ainda têm dúvidas como identificar a fase ideal da doença para o tratamento, sabendo que as proteínas que causam alzheimer começam a se acumular 15 ou 20 anos antes, sem a pessoa ter sintomas. "Os resultados com monoclonais (imunização passiva) não tem sido bons, além de terem trazido problemas. Particularmente acredito na imunização ativa Anti-proteína TAU". 

Em 2020, o pesquisador foi a uma reunião científica sobre alzheimer, em Washington, EUA, pouco antes da pandemia, onde foram apresentados muitos avanços. "Temos, hoje, quase 100 moléculas no total, em estudo para tratamento de alzheimer; destaco 7 ou 8 vacinas dentre essas 100 substâncias e acredito que, em 4 ou 5 anos, tenhamos boas notícias, não se sabe se para reduzir os danos, evitar acúmulo de proteínas ou mesmo curar", finaliza. 

Dr. Gustavo Alves está iniciando o segundo pós-doutorado na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e, ainda, um projeto na Unicamp, também de pós-doutorado, para avaliar substâncias Bioativas no tratamento do declínio cognitivo leve, uma espécie de fase anterior a doença de alzheimer. "Então o trabalho na Unicamp, diferente da USP onde atuo com biomarcadores, na Unicamp é com propriedades terapêuticas". O pesquisador ainda encontra tempo para ser revisor ad-hoc da Alzheimer & Dementia, a mais importante revista científica de Alzheimer em todo o mundo.

 

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