OPAS emite alerta epidemiológico para febre Oropouche. Saiba mais sobre a doença

No Brasil, 99% dos casos se concentram na região Norte, entretanto já houve casos notificados no estado do Paraná

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O ano de 2024 se iniciou com importantes desafios aos farmacêuticos que atuam no rastreamento e na educação em saúde em sua prática clínica diária.  O período das chuvas trouxe uma explosão dos casos de dengue e as estimativas do Ministério da Saúde apontam para mais de 4,2 milhões de casos até o final do ano. A Covid-19 persiste no Brasil, com 45.177 casos notificados e 198 óbitos registrados até 17 de fevereiro. E em 02 de fevereiro a Organização Pan-Americana de Saúde emitiu alerta epidemiológico para febre de Oropouche na região das Américas.

O farmacêutico e professor José Luiz Fernandes Vieira, que integrou o Grupo de Trabalho responsável pela elaboração da Resolução CFF nº 747/2023, sobre as atribuições do farmacêutico em doenças tropicais e negligenciadas, explica que a febre de Oropouche é uma arbovirose emergente causada pelo vírus de mesmo nome, pertencente à família Bunyaviridae. “É um vírus de RNA segmentado de cadeia simples transmitido principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim. Acredita-se que a circulação do vírus Oropouche inclua tanto ciclos epidêmicos, como selvagem, sendo esta considerada a principal diferença do vírus da dengue”, comenta.

A doença se distribui nas Américas do Sul, Central e no Caribe. No Brasil, a maioria dos casos (99%) se concentram na região Norte, entretanto já houve casos notificados no estado do Paraná. O estado do Amazonas emitiu um alerta epidemiológico sobre o aumento dos casos em 2024, com 1398 diagnósticos realizados até 24 de fevereiro.   Os anticorpos geralmente podem ser detectados no soro a partir do quinto dia após o início dos sintomas.

O diagnóstico sorológico é realizado por reação de neutralização por redução de placa, a fixação de complemento, a imunofluorescência, a inibição de hemaglutinação e ELISA para IgM e IgG. Entretanto, recomenda-se priorizar o uso de métodos moleculares (RT-PCR).

“O quadro clínico é autolimitado e semelhante ao da dengue. O tratamento é realizado com anti-inflamatórios e antitérmicos. Deve-se evitar o uso de AAS”, orienta José Luiz Fernandes Vieira. O período de incubação dura de 4 a 8 dias podendo variar de 3 a 12 dias. O início é súbito, geralmente com febre, dor de cabeça, artralgia, mialgia, calafrios, que podem ser acompanhados de náuseas e vômitos persistentes por até 5 a 7 dias. Raros casos podem evoluir para complicação neurológica.

O farmacêutico clínico deve estar atento para a semelhança de alguns sinais e sintomas dessas viroses, como febre, dor no corpo, falta de apetite e perda de paladar. “Mas os achados clínicos não permitem uma impressão inicial que diferencie dengue da febre de Oropouche, o que requer encaminhamento para diagnóstico”, alerta José Luís. 

Os achados diferenciais entre dengue e Covid-19 podem ser evidenciados, pela febre alta, acima de 38 ºC, dor muscular e articular, dor atrás dos olhos, principalmente durante o movimento e manchas vermelhas pelo corpo, no caso da dengue, e sintomas respiratórios, como tosse, dor de garganta e coriza, principalmente em casos leves no caso da Covid-19. Lembrando que, nos casos moderados a graves de Covid-19, podem surgir tosse e febre persistentes, falta de ar, desconforto respiratório e dificuldade para se alimentar.