Operação da PF: comercialização ilegal e uso crescente de anabolizantes preocupam autoridades
As ações ocorrem em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Paraná, em Minas Gerais, no Espírito Santo e no Ceará.
A Polícia Federal executou 22 mandados de busca e apreensão em seis estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo e Ceará. A operação Minotauro visa desmantelar um esquema de comercialização ilegal de substâncias anabolizantes. Foi identificado que diversas encomendas provenientes da Holanda e da China continham testosterona em forma de pasta, utilizada na produção dos anabolizantes.
Especialistas em saúde têm expressado uma crescente preocupação com o aumento alarmante do uso de anabolizantes. Essas substâncias, originalmente destinadas a fins médicos específicos, estão sendo cada vez mais utilizadas por indivíduos em busca de resultados estéticos e de desempenho a curto prazo.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) alerta que o uso, sem acompanhamento, de testosterona – comumente chamada de anabolizante – pode ser perigoso e causar danos irreparáveis no corpo humano. O uso da substância tornou-se um grande problema de saúde pública e os casos de complicações estão cada vez mais frequentes.
O motivo dessa preocupação reside nos graves riscos à saúde associados ao uso indiscriminado de anabolizantes. Os especialistas alertam para os efeitos colaterais potencialmente devastadores, que incluem danos ao fígado, problemas cardiovasculares, distúrbios hormonais, agressividade, depressão e dependência química.
Priscila Dejuste, membro do GT sobre Suplementos Alimentares do Conselho Federal de Farmácia (CFF), ressalta que “a compra dessas substâncias no mercado ilegal é ainda mais preocupante, pois a qualidade e procedência dos produtos são incertas, aumentando os riscos à saúde dos usuários”.
A farmacêutica destaca que o uso dessas substâncias se tornou tão disseminado nas academias que as pessoas usam em um efeito rebanho. “É grave porque vemos adolescentes e jovens usando sem a menor ideia dos malefícios e riscos dessas substâncias. O farmacêutico é primordial para a orientação correta em relação aos riscos do uso inadequado de anabolizantes”, conclui Priscila.
Segundo a Sbem, o uso de esteroides anabolizantes para fins estéticos e esportivos se tornou um “grave problema de saúde pública” no país. A prática de receitar a classe de medicamentos para a estética não é recomendada por sociedades médicas ou científicas nem dispõe de protocolos ou guias de receituários. A prescrição é considerada antiética e ilegal.