1 em cada 10 novos casos de diabetes tipo 2 está relacionado ao consumo de bebidas açucaradas

O farmacêutico emerge como um profissional essencial no manejo do diabetes tipo 2

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Pesquisa publicada na Nature Medicine revela que o consumo de bebidas com adição de açúcar está associado a 9,8% dos novos diagnósticos anuais de diabetes tipo 2 em todo o mundo, equivalente a aproximadamente 2,2 milhões de casos. Além disso, 1,2 milhão de novos casos de doenças cardiovasculares (3,1% do total global) são atribuídos anualmente a esses produtos. O estudo, que analisou dados de 184 países entre 1990 e 2020, destaca disparidades regionais, com nações em desenvolvimento enfrentando os maiores riscos.

Desigualdades regionais e demográficas

A América Latina e o Caribe lideram as estatísticas, concentrando 24% dos casos globais de diabetes tipo 2 e 11% das doenças cardiovasculares relacionadas a essas bebidas. Colômbia e México são os países mais impactados, respondendo por 48% e 30% dos casos regionais, respectivamente. A África Subsaariana aparece em seguida, com 21,5% dos diagnósticos de diabetes e 10,5% de complicações cardíacas.

O estudo considerou bebidas com pelo menos 50 kcal por porção de 240 ml, incluindo refrigerantes, sucos industrializados, energéticos e águas aromatizadas, mas excluiu sucos naturais e bebidas com adoçantes não calóricos. Homens e adultos jovens mostraram maior vulnerabilidade aos efeitos negativos, possivelmente devido a padrões de consumo e influências socioeconômicas.

Crescimento do consumo em países emergentes

À medida que economias se expandem, o acesso a bebidas açucaradas aumenta, impulsionado por estratégias agressivas de marketing. Os autores alertam para a necessidade de políticas robustas, como taxação específica, regulamentação de publicidade e campanhas educativas. A Dra. Laura Lara-Castor, autora principal, enfatiza a importância de esforços multilaterais para apoiar países com menos recursos na implementação dessas medidas.

Um exemplo emblemático é a África do Sul, onde a indústria reagiu a impostos com marketing direcionado a homens jovens e ricos, grupo que mais consome esses produtos. Essa resistência evidencia a necessidade de abordagens multifacetadas para reduzir o consumo.

Impacto metabólico e papel do farmacêutico

As bebidas açucaradas são rapidamente absorvidas, elevando picos de glicose e frutose, o que desregula a produção de insulina, promove acúmulo de gordura visceral e resistência à insulina. Nesse contexto, o farmacêutico emerge como um profissional essencial no manejo do diabetes tipo 2. Além de orientar pacientes sobre riscos nutricionais, ele atua na monitorização glicêmica, ajuste de medicamentos (como insulina e hipoglicemiantes) e prevenção de complicações.

Sua participação em programas de saúde pública é igualmente crucial. Farmacêuticos podem liderar campanhas educativas sobre redução do consumo de açúcar, colaborar na implementação de políticas regulatórias e promover acesso a alternativas saudáveis. Em ambientes clínicos, identificam pacientes em risco, oferecem aconselhamento personalizado e fortalecem a adesão terapêutica, reduzindo hospitalizações e melhorando qualidade de vida.

Chamado para ação integrada

Os autores reforçam a urgência de combater as táticas da indústria, como reformulação de produtos e publicidade segmentada, enquanto defendem maior acesso à água potável. A sinergia entre políticas públicas, vigilância sanitária e atuação de profissionais de saúde, como farmacêuticos, é vital para mitigar essa crise global.