Estudo da Fiocruz revela ineficácia em adultos da vacina BCG contra tuberculose
Realizado apenas no Brasil, este subestudo faz parte de um ensaio clínico randomizado maior de vacinação com BCG
Um estudo conduzido pela Fiocruz e publicado na revista britânica The Lancet - Infectious Diseases, em 26 de fevereiro, revelou que a vacina BCG, aplicada em adultos, não é eficaz na prevenção da infecção inicial pelo Mycobacterium tuberculosis, agente causador da tuberculose. Embora essa vacina seja tradicionalmente aprovada para prevenir a forma grave da doença em crianças até 5 anos, sua eficácia diminui ao longo dos anos, tornando-se incerta na fase adulta.
O subestudo, realizado exclusivamente no Brasil, faz parte de um ensaio clínico randomizado maior de vacinação com BCG, denominado estudo Brace (NCT04327206), que teve como foco avaliar a eficácia da BCG em trabalhadores de saúde contra a Covid-19. Financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, o estudo foi conduzido no Brasil, Holanda, Espanha, Reino Unido e Brasil.
A pesquisa analisou a eficácia da revacinação com BCG na prevenção da infecção pelo Mycobacterium tuberculosis em trabalhadores de saúde. Realizado no Brasil, o estudo foi liderado pelos pesquisadores da Fiocruz Julio Croda, Margareth Dalcolmo e Marcus Lacerda, abrangendo as cidades de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Manaus (Amazonas) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Os resultados indicaram que a vacinação com BCG não foi eficaz na prevenção dessa infecção nessa população.
A pesquisa liderada pela Fiocruz destacou a ineficácia da revacinação com BCG em adultos para prevenir a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis e ressaltou a urgência de desenvolver novas vacinas para a prevenção da tuberculose, especialmente em populações de alto risco.