OMS reconhece análogos ao GLP-1 para diabetes, mas não para emagrecimento

Pela 1ª vez, semaglutida entra em lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu, pela primeira vez, os medicamentos análogos ao GLP-1 — como a semaglutida, presente no Ozempic — na Lista Modelo de Medicamentos Essenciais, reconhecendo-os como tratamento recomendado para pessoas com diabetes tipo 2 que apresentem comorbidades, como doença cardiovascular ou doença renal crônica.

A decisão, divulgada nesta sexta-feira (5), não contempla o uso dos medicamentos para pessoas com obesidade sem comorbidades. Segundo a OMS, ainda faltam evidências robustas de benefícios clínicos e de segurança a longo prazo nesse grupo.

“As novas edições das listas de medicamentos essenciais representam um passo significativo para ampliar o acesso a medicamentos com benefícios clínicos comprovados e grande potencial de impacto na saúde pública global”, afirmou Yukiko Nakatani, diretora-geral adjunta da OMS.

A lista é atualizada a cada dois anos desde 1977 e hoje serve de referência para mais de 150 países na definição de quais tratamentos devem ser priorizados por sua eficácia, segurança e impacto em saúde pública. Nesta edição, foram avaliadas 59 propostas, sendo 31 de inclusão de novos medicamentos.

O que foi aprovado

O comitê da OMS analisou duas solicitações envolvendo agonistas de GLP-1: uma para tratamento de adultos com diabetes tipo 2 associado a doença cardiovascular e outra para tratamento da obesidade. Apenas a primeira foi aceita.

Os especialistas consideraram evidências científicas que mostram que os medicamentos dessa classe:

  • melhoram o controle glicêmico;
  • reduzem o risco de eventos cardiovasculares;
  • diminuem a progressão da doença renal crônica;
  • reduzem a mortalidade geral.

A recomendação, portanto, ficou restrita a pacientes com diabetes tipo 2 associado a comorbidades. Tentativas anteriores de inclusão (2017, 2021 e 2023) haviam sido rejeitadas.

Por que não para obesidade isolada

No caso da obesidade sem outras doenças, o comitê destacou que as evidências ainda são insuficientes. Há falta de dados sólidos sobre redução de mortalidade, segurança a longo prazo e impacto em desfechos clínicos relevantes.

“Embora algum grau de benefício seja possível em todos os pacientes, a magnitude dos efeitos é maior e mais consistente em pessoas com diabetes”, diz o documento.

Preço ainda é obstáculo

Apesar dos benefícios reconhecidos, o custo elevado continua sendo uma barreira para ampliar o acesso nos sistemas de saúde. A OMS ressalta, no entanto, que a expiração das patentes da semaglutida e da liraglutida deve permitir a entrada de biossimilares, aumentar a concorrência e reduzir os preços.