Farmacêutico que atende pacientes com HIV/aids é entrevistado em matéria do "Fantástico"
Reportagem abordou preconceito e discriminação contra pacientes soropositivos
A cada dia, 30 pessoas morrem de aids no Brasil. A condição é provocada pelo vírus HIV e se desenvolve, principalmente, em pacientes que não recebem tratamento. Dezembro é dedicado à conscientização contra a doença e o programa "Fantástico" exibiu uma reportagem, no dia 3, sobre a chamada "sorofobia", que é o preconceito contra as pessoas com o exame positivo para HIV. Um dos entrevistados sobre o tema foi o farmacêutico Ronildo Azevedo Farias, que atende pacientes com HIV/aids na farmácia do Centro de Controle de Doenças Infecciosas do Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Estudo realizado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS), em 2019, incluindo 1.784 pessoas com HIV de sete capitais brasileiras, constatou que 64% dos infectados já sofreram algum tipo de discriminação – 46% por meios de comentários de familiares, vizinhos e amigos, 25% em assédios verbais e 20% chegaram a perder sua fonte de renda ou emprego.
Além de atuar na dispensação de medicamentos, Ronildo Farias faz o acolhimento destas pessoas, tira dúvidas e oferece conforto a quem busca a unidade para tratar a doença. "Eu gosto de conversar, de participar um pouquinho, até para mim também, porque hoje eu considero que você é parte da minha família", disse ele a uma paciente atendida enquanto a reportagem era feita. "Eu tento fazer desse setor um lugar alegre, um lugar tranquilo, um lugar receptivo. Eu conheço todo mundo, conheço pelo nome e pelo medicamento. O medicamento vai fazer uma barreira protetora, vai evitar que esse vírus continue atacando e destruindo tudo", afirmou.
Ao Conselho Federal de Farmácia (CFF), Ronildo detalhou a importância do atendimento farmacêutico. "É sempre importante o papel do farmacêutico em todas as áreas quando se trata da saúde, bem estar, segurança e confiança dos pacientes em qualquer especialidade. Não tenho nenhuma dificuldade no meu trabalho. Amo o que faço e o espaço da nossa farmácia ajuda muito".
Dados exibidos pelo Fantástico afirmam que 190 mil pessoas que sabem que são portadoras de HIV não estão em tratamento e cerca de 100 mil nem sabem que estão infectadas. Mais de 3000 pacientes são cadastrados para retirar os medicamentos na farmácia em que Ronildo atua. Mas ele observa que muitos não aparecem. "Os que não vêm, não tenho como fazer retenção, pois os telefones já não existem mais. Aí fica a dúvida se é caso de abandono do tratamento ou de óbito. Então, o maior desafio é fazer as buscas ativas", explica o farmacêutico.
Graças aos avanços da ciência, após mais de 40 anos do registro do primeiro caso de HIV no País, os medicamentos capazes de controlar as complicações trazidas pelo vírus já estão disponíveis, inclusive, na rede pública de saúde e de forma gratuita. Mesmo assim, preconceito, desinformação e desigualdade no acesso à saúde continuam sendo obstáculos no combate ao vírus. Hoje, o HIV é controlável e existem outros métodos de prevenção, além da camisinha.