Venvanse: grupos em rede social vendem, de forma ilegal, medicamento para TDAH pelo dobro do valor

Matéria da BBC News Brasil destaca como esses canais secretos facilitam o acesso a medicamentos sem prescrição, promovendo a venda de substâncias controladas sem qualquer regulamentação

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A BBC News Brasil divulgou uma reportagem investigativa revelando o aumento do comércio ilegal de Venvanse, um medicamento usado para tratar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), em grupos do Telegram.

A matéria destaca como esses canais secretos facilitam o acesso a medicamentos sem prescrição, promovendo a venda de substâncias controladas sem qualquer regulamentação.

Uma caixa com 28 comprimidos de Venvanse de 30 miligramas é vendida por até R$ 365,38 na maioria dos estados brasileiros, de acordo com as regras da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que limitam o preço máximo dos medicamentos no Brasil.

Para as versões de 50 mg e 70 mg, o valor pode chegar a R$ 443,07. Nos grupos do Telegram, caixas de Venvanse e outras substâncias controladas, como diversos medicamentos psiquiátricos e até anabolizantes, são vendidas ilegalmente por até R$ 850 na dose mais alta.

Os responsáveis pelos canais também oferecem assistência na falsificação de receitas amarelas, que as farmácias exigem para a venda do Venvanse.

A BBC News Brasil questionou a plataforma Telegram se estava ciente da situação e se tomaria medidas para evitar transações ilegais, mas não obteve resposta.

Riscos para a saúde

Falsificar prescrições é crime previsto pelo artigo 298 do Código Penal, com pena de um a cinco anos de prisão e multa. Nesses casos, todo o risco recai sobre quem tenta utilizar um documento falso na farmácia. Para ter acesso ao receituário amarelo, os profissionais devem se cadastrar previamente na Autoridade Sanitária local.

Após o registro, o órgão de vigilância emite um talonário ao prescritor, com uma quantidade específica e numeração das prescrições. Esses profissionais devem estar devidamente registrados nos seus respectivos Conselhos profissionais.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que há 15 casos em investigação relacionados à venda ilegal de Venvanse em sites sem a devida autorização e sem prescrição médica. O órgão reiterou que todos os seus canais de atendimento estão disponíveis para denúncias de vendas ilegais.

A Takeda, única empresa farmacêutica atualmente responsável pela fabricação do Venvanse, afirmou em comunicado que "rejeita veementemente qualquer iniciativa que promova o uso de medicamentos sem prescrição médica". Portanto, os medicamentos da Takeda são vendidos apenas através de canais oficialmente aprovados.