Cientistas farmacêuticos da UFRN patenteiam curativo biodegradável da enzima do mamão
Protagonismo farmacêutico
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu, no dia 28 de novembro, o patenteamento definitivo referente a um novo hidrogel com características anti-inflamatórias e que pode ser utilizado em humanos e animais. A preparação farmacêutica é feita à base de compostos químicos naturais, biodegradáveis e sustentáveis, como a quitosana, associada a gomas e derivados de celulose, contendo a papaína, enzima extraída do látex dos frutos do mamão Carica papaya.
Com raiz em pesquisas realizadas desde 2014, mas cujo depósito de pedido de patente ocorreu em 2017, a concessão recebeu o nome hidrogéis co-desbridantes e multifuncionais de quitosana e papaína associados a outros biopolímeros não-iônicos e ácido resistentes para tratamento de feridas, seu processo de obtenção, aplicacão e uso. A farmacêutica Waldenice de Alencar Morais Lima, coordenadora da pesquisa que deu origem à descoberta científica, pontua que o produto desenvolvido é aplicado ao tratamento de feridas para uso em humanos ou veterinário, tendo como facilidades a combinação de várias vantagens terapêuticas em um mesmo produto.
“Ele funciona como um curativo que, quando aplicado no ferimento, é absorvido e, nessa assimilação, elimina as células mortas, em um processo tecnicamente chamado de desbridamento. Alcançamos isso com a combinação da enzima papaína, como desbridante enzimático seletivo, a elementos como biopolímeros hidrofílicos hidratados e pH ácido-resistentes, estes atuando como desbridantes autolíticos. Desta maneira, criando o microambiente adequado para o processo natural de cicatrização de feridas”, realça a professora do Departamento de Farmácia da UFRN.
Os estudos parte da dissertação da farmacêutica Sara Rayana Morais Fernandes, na época aluna de mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (PpgCF).
O desenvolvimento da tecnologia contou, ainda, com a contribuição do também docente de Farmácia Matheus Pedrosa e de Liege Catarina dos Reis, aluna de iniciação científica. Tanto Waldenice como Matheus são experts na proteção intelectual dos ativos frutos de pesquisa. Juntos, ambos somam quase duas dezenas de depósitos.
De acordo com a vice-presidente do CFF e conselheira federal de Farmácia pelo RN, Lenira da Silva Costa, “o Departamento de Farmácia da UFRN tem se tornado uma referência em pesquisas com foco na biodiversidade, com expressivo quantitativo de cientistas depositando patentes e promovendo inovação farmacêutica”, destaca.
“O pioneirismo da instituição fomenta toda uma cultura de incentivo à pesquisa, pois demonstra o potencial do Estado em desenvolver ciência de ponta. Esse cenário favorece o surgimento de outros protagonistas, como a Liga Contra o Câncer, entidade assistencial filantrópica potiguar com fortes investimentos em inovação”, completa a vice-presidente do CFF.