Tadalafila foi o quinto genérico mais vendido no país em 2024

Uso indevido evidencia necessidade de orientação farmacêutica

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O consumo de tadalafila, medicamento originalmente indicado para tratar disfunção erétil e outras patologias, tem ganhado contornos preocupantes no Brasil. Relatos de uso para melhorar desempenho sexual ou até como “pré-treino” em academias explicam, em parte, o salto nas vendas: em 2024, o genérico foi o quinto mais vendido no país, com 61,2 milhões de unidades comercializadas, segundo dados da pesquisa Pharmaceutical Market Brasil (PMB), da IQVIA, divulgada pela PróGenéricos. Especialistas alertam que a automedicação e a busca por efeitos não terapêuticos ampliam riscos à saúde, reforçando a urgência de orientação farmacêutica e conscientização sobre o uso racional.

A escalada do consumo é ainda mais evidente em estados como Minas Gerais, segundo no ranking nacional, com 7,6 milhões de unidades vendidas em 2024 – alta de 47,3% ante 2023. Já São Paulo lidera o mercado, com 12,7 milhões de caixas comercializadas. O crescimento contínuo nos últimos quatro anos acende um alerta: a facilidade de acesso, somada à falta de acompanhamento profissional, pode estar impulsionando práticas perigosas. A tadalafila, embora segura quando prescrita adequadamente, exige avaliação de profissional habilitado para evitar interações medicamentosas e efeitos adversos, como problemas cardiovasculares.

Diante do cenário, a atuação do farmacêutico torna-se vital. “A orientação não se limita à venda: é dever do profissional esclarecer indicações, contraindicações e riscos do uso sem prescrição”, ressalta Gustavo Pires, diretor secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia. O uso indiscriminado de tadalafila, por exemplo, pode mascarar condições graves, como hipertensão ou diabetes, além de gerar dependência psicológica. Campanhas educativas e a exigência de receita médica são medidas defendidas por entidades para coibir o consumo irresponsável.

A explosão nas vendas reflete não apenas uma demanda legítima, mas uma distorção cultural em torno do desempenho sexual e físico. Para reverter a tendência, é essencial integrar esforços entre profissionais de saúde, poder público e população. A promoção do uso racional de medicamentos, aliada à fiscalização e ao acesso a informações claras, pode prevenir complicações e reduzir custos ao sistema de saúde. Enquanto a tadalafila seguir sendo tratada como commodity, em vez de terapia, a saúde pública continuará pagando o preço.