Impulsionada pela epidemia da dengue, venda de repelentes cresce em 15 estados e no DF
Dados comparam vendas de janeiro de 2023 e janeiro de 2024. Em contrapartida, em 11 estados, a venda caiu, apesar da alta incidência de casos
Em meio à epidemia de dengue, levantamento feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), a partir de dados da consultoria IQVIA, mostra que, em 16 unidades federativas (UFs), incluindo o Distrito Federal, a venda de repelentes foi maior, em janeiro deste ano, do que no mesmo mês do ano passado. E em oito UFs, o aumento superou o registrado entre 2022 e 2023 (veja quadro demonstrativo abaixo).
No País, o número de casos prováveis de dengue já superou 1 milhão. A venda de repelentes aumentou 24% em janeiro de 2024, comparado a janeiro de 2023. Porém, esse aumento foi de apenas dois pontos percentuais a mais do que a variação registrada entre 2022 e 2023, levando em conta também o mês de janeiro.
O maior aumento nas vendas de repelentes, de 509%, foi registrado no Distrito Federal, unidade federativa com incidência de 4.174,1 casos de dengue por 100 mil habitantes, a maior do Brasil. São 117.588 casos prováveis entre 1º de janeiro e 4 de março, 79 mil a mais, em comparação com o ano passado inteiro. A alta disseminação da doença ajuda a explicar a corrida ao comércio em busca dos repelentes.
Surpreendentemente, em alguns estados onde o número de casos de dengue, deste ano, já supera (e muito) os registros do ano passado inteiro, a venda de repelentes caiu. Um exemplo é Minas Gerais. A incidência é de 1986,4 casos por 100 mil habitantes, ou seja, 407, 9 mil casos, mas a venda de repelentes está 14% menor, em janeiro deste ano, em comparação com janeiro do ano passado.
No Espírito Santo, terceiro Estado no ranking das maiores incidências no País (1.141,1 casos/100 mil hab. ou 43,7 mil casos notificados), o número de repelentes vendidos foi 38% menor em janeiro deste ano, do que em janeiro do ano passado.
O Conselho Federal de Farmácia alerta que o uso de repelentes é uma forma efetiva de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e, também, da Zika e da Chikungunya. “Especialmente em meio a surtos e epidemias como a que estamos vivenciando no momento”, destaca o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João.
Para um efeito protetor repelente eficaz, é necessária a escolha de um bom produto e o uso adequado deste. Uma dica é dar preferência aos que contenham a substância icaridina ou picaridina. Considerada a mais eficaz para repelir insetos, ela ainda tem uma proteção com duração maior em relação aos outros repelentes vendidos no mercado.
No site do CFF, foram divulgadas orientações sobre como utilizar os repelentes. Algumas dicas importantes são: lembre-se de aplicar nas áreas da pele que estiverem expostas e/ou sobre a roupa, sendo, nestes casos, indicado o uso de repelente na forma de spray; não aplique próximo da região dos olhos e da boca; aplicar ou vaporizar grande quantidade do produto não garante maior ação de repelência; não use sobre cortes, feridas, pele inflamada ou irritada; e não permita que crianças apliquem ou vaporizem o produto em si mesmas, pois elas sempre precisam da ajuda de um adulto. Para saber mais clique aqui!
O presidente do CFF lembra que tão importante quanto se proteger das picadas do mosquito é contribuir para reduzir a proliferação do vetor. “Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 90% dos focos do mosquito encontram-se nas residências, daí a urgência da eliminação de todo e qualquer criadouro”, destaca.
Outro cuidado fundamental é tomar a vacina. O imunizante Qdenga tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação para prevenção de dengue causada por qualquer sorotipo do vírus para pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente de exposição prévia.
Na rede pública, o Ministério da Saúde acaba de orientar a ampliação da faixa etária a ser vacinada, para pessoas de 10 a 14 anos. A recomendação foi apresentada em Nota Técnica publicada nesta quarta-feira (6/03). Antes, o recomendado era que a estratégia fosse iniciada em pessoas de 10 a 11 anos de idade. A ampliação, portanto, busca alavancar a proteção entre o público-alvo.