Dia Mundial da Asma: CFF debate medidas de controle da asma na Câmara dos Deputados

A asma é uma doença respiratória crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, constituindo um desafio significativo para a saúde pública

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No Dia Mundial da Asma (7/05), data em que várias nações estão debatendo soluções para o controle desta doença, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) participou de um Ato Solene, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, em Brasília. O presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, foi convidado pelo deputado federal Flávio Nogueira (PI), pneumologista e cirurgião torácico idealizador do evento, a contribuir com esse debate que reuniu diversas entidades médicas e terá encaminhamentos dentro do Governo. No convite, o deputado destacou que a participação do Conselho Federal de Farmácia, naquela ocasião, era de suma importância: “reconhecemos sua expertise e contribuição significativa no campo da saúde, especialmente no que diz respeito à conscientização e tratamento da asma”.

A asma é uma doença respiratória crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, constituindo um desafio significativo para a saúde pública e um fardo para indivíduos, famílias e sistemas de saúde. Um levantamento do banco de dados do Sistema Único de Saúde, o DATASUS, mostrou que as internações causadas pela doença vem diminuindo ao longo dos anos, mas não se observa a mesma queda em relação as mortes. Sendo que, cerca de 5 pessoas morrem por dia em decorrência da falta de controle dessa doença. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) estima que, no Brasil, existem aproximadamente 20 milhões de pessoas com asma, tendo como vítimas tanto crianças como adultos.

O deputado Flávio Nogueira foi o primeiro a discursar e falou sobre a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma e sobre a participação das entidades nas políticas publicas. “Nós temos que fazer deste País, uma nação grandiosa. Isso só pode ser feito se tivermos um povo com saúde. E essa é a nossa responsabilidade como médicos e demais profissionais, como os farmacêuticos. Nós temos um poder político imenso. E nós não usamos esse poder político. Por isso, todas essas associações reunidas aqui têm que estar presente nesta casa, que é a casa do povo. Temos que procurar as pessoas interessadas e que possam estar trabalhando pela saúde pública deste País”, convidou Flávio Nogueira.

O CFF foi representado no Ato Solene pela assessora da Presidência e coordenadora da Coordenação Técnica e Científica (CTEC/CFF), Josélia Frade, que levantou diversas questões ligadas ao cuidado farmacêutico à pessoa com asma, apresentou experiências bem sucedidas de farmacêuticos no acompanhamento e no controle da asma e destacou algumas fragilidades no tratamento dessa doença, como dificuldades que pacientes enfrentam para ter acesso ao diagnóstico, aos exames e ao tratamento. Destacou também as dificuldades para domínio da técnica de uso dos dispositivos inalatórios por parte de pacientes, familiares e profissionais da saúde.

Josélia apresentou diversas ações - identificadas na literatura em revisões sistemáticas - com as quais o farmacêutico pode colaborar na jornada do paciente. “Os pacientes ficam perdidos se dirigindo a diferentes locais de dispensação com diferentes prescrições. Todo o sistema de saúde é organizado pensando nos blocos de financiamento. O farmacêutico pode ser um navegador do cuidado, porque o paciente vai à atenção primária, vai ao serviço de urgência, vai à farmácia etc, tem hora que ele está com um arsenal terapêutico prescrito e não sabe nem por onde começar o uso”, enfatizou.

A farmacêutica destacou, ainda, que para falar de asma era preciso trazer o paciente para ponto central daquela solenidade, apresentou desenhos dos seus pacientes e relembrou do seu início de vida profissional em uma farmácia privada, de uma cidade do interior de Minas Gerais. “As próprias necessidades dos meus pacientes foram me impulsionando a fazer alguma coisa, a buscar qualificação. Filas eram formadas na porta da farmácia, quando fazíamos campanhas para atender a população que sofria com problemas respiratórios”. Josélia contou que fazia avaliação de cada caso para saber se o paciente estava sob controle ou se precisava ser encaminhado para elucidação diagnóstica. “A gente fazia rastreamento em saúde, nosso foco não era diagnosticar, mas sim identificar o risco para a doença ou para exacerbações. O farmacêutico é o profissional da saúde que mais encontra o paciente ao longo da sua jornada, o seu papel social para o controle dessa doença é fundamental”, relatou. 

Josélia Frade comentou ainda que quando participa de reuniões dessa magnitude, aproveita para esclarecer a todos, a diferença entre a profissão farmacêutica e o mercado varejista. “Eu estou aqui representando um profissional formado, com conhecimento técnico-científico que, na maioria das vezes, é um profissional assalariado. Esse farmacêutico, hoje, no Brasil, faz parte de uma categoria com mais de 300 mil profissionais, que participa de todas as etapas do ciclo logístico dos medicamentos, além da área de diagnóstico laboratorial, no cuidado direto aos pacientes entre muitas outras áreas de atuação”, detalhou.

Durante a palestra, Josélia ainda apresentou todas as ações que o CFF tem feito em relação a esse tema, como a pesquisa para verificar junto à categoria se os farmacêuticos têm interesse em cursos de formação nessa área, quais são as principais dificuldades... e lembrou que já foram desenvolvidos 12 materiais educativos sobre dispositivos inalatórios e asma, que serão lançados ainda neste mês. E mais, um livro sobre como utilizar o pico de fluxo. A estruturação de um grande programa de formação nacional já foi iniciada. Ela ainda informou as dificuldades que muitos munícios brasileiros estão tendo para cumprir com as exigências do PCDT, o que estava gerando por exemplo, no município de Porto Alegre uma fila de mais de 4000 pacientes aguardando a espirometria. Josélia, ainda lembrou durante a sua fala que na Austrália por exemplo, farmacêuticos realizam este exame e que a classe farmacêutica brasileira pode colaborar para enfrentar este desafio.

Outras entidades

Também participaram do debate, o professor assistente da Universidade de Brasília (UnB) e integrante do Corpo Clínico do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Ricardo Martins, que tratou sobre impacto da asma grave na saúde pública; o médico Pedro Bianchi, que falou das necessidades não atendidas da asma grave na saúde pública; o diretor médico, professor e pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, José Eduardo Cançado, que tratou do controle da asma e a escolha no descarte correto dos dispositivos inalatórios; o vice-presidente da Associação Brasileira de Asmáticos do Brasil (ABRA), Claudio Abrahão do Amaral, com o tema Asma Mata – a voz dos pacientes; e o médico pneumologista e presidente regional do Vale do Paraíba na Sociedade Paulista De Pneumologia E Tisiologia, José Roberto Megda, que levou dados sobre asma na infância e a importância do tratamento adequado e urgente.