Pressão dos farmacêuticos faz UFG adiar criação do curso de Engenharia Farmacêutica

Após mobilização da comunidade farmacêutica, CGRAD opta por criar comissão independente para reavaliar proposta e evitar sobreposição com o curso de Farmácia já existente

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Em reunião na segunda-feira, 8/09, a Câmara de Graduação (CGRAD) da Universidade Federal de Goiás (UFG) adiou a decisão sobre a criação do curso de graduação em Engenharia Farmacêutica, que tramita na instituição desde 2021. Após intensa mobilização da comunidade farmacêutica, ao invés de votar imediatamente o parecer do relator, os conselheiros aprovaram a criação de uma comissão sem vínculo com nenhum dos dois cursos envolvidos, para reavaliar a proposta. A comissão examinará os argumentos de ambos os lados, incluindo pareceres, documentos e solicitações de diligência protocolados pela Faculdade de Farmácia desde 2022.

A sessão contou com presença expressiva de representantes da comunidade farmacêutica. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) foi representado professores Jairo Sotero, presidente da Comissão de Ensino, e Tarcísio José Palhano, assessor da Presidência; pelos conselheiros federais de Farmácia Gérson Pianetti (suplente por Minas Gerais) e Ernestina Rocha (titular por Goiás) e pela Profa. Eula Maria Barcelos Costa, ex-diretora da FF-UFG e integrante da Comissão Assessora de Educação Farmacêutica (CAEF). Fenafar, Sinfar-GO e CRF-GO, além de cerca de 150 acadêmicos de Farmácia também estiveram presentes.

Gerson Pianetti destacou que o curso de Farmácia já contempla, de forma plena, todas as competências técnicas e científicas necessárias para atuação na indústria farmacêutica — “incluindo pesquisa, desenvolvimento, inovação, produção e controle de qualidade de medicamentos e insumos farmacêuticos”. O entendimento do professor é que, em vez de propor uma nova graduação, a UFG devesse investir no fortalecimento do curso de Farmácia, já consolidado. Outra proposta, apresentada pela coordenadora do Curso de Farmácia, Profa. Joana Alcanfor, foi a de que a Engenharia Farmacêutica fosse ofertada como curso de pós-graduação Lato ou Strictu sensu.

A criação de um curso paralelo foi classificada como redundante, desnecessária e potencialmente nociva por todos os representantes da Farmácia, por abrir espaço para fragmentação da formação, sobreposição de atribuições e insegurança jurídica. “Seria como criar cursos de graduação em Veterinária de Pequenos Animais, Nutrição Esportiva e Direito Constitucional”, disse o diretor da Faculdade de Farmácia, Luiz Carlos da Cunha. Ele argumentou que a proposta invade áreas centrais da Farmácia, podendo gerar disputas profissionais, confusão no mercado de trabalho e precarização da profissão proposta e das já existentes.

Luiz Carlos da Cunha defendeu que a proposta fosse sumariamente indeferida ou, pelo menos, adiada. Assim, seria evitada qualquer precipitação antes do ENEM/SISU 2026. Em caso de postergação, que fosse constituído um GT de especialistas para reavaliar o Projeto Pedagógico de Curso e evitar sobreposição com a Farmácia. Venceu a segunda proposta. Com a criação da comissão, a UFG se comprometeu a garantir uma avaliação criteriosa, imparcial e transparente, assegurando espaço de diálogo com a sociedade e com a comunidade acadêmica antes de qualquer decisão definitiva.