Descoberta de farmacêuticas do Ceará muda esquema vacinal para Covid-19 em todo o país
Com identificação de novas subvariantes do vírus da Covid-19, ministério orienta dose extra da vacina bivalente. Confira quem deve ser vacinar
O Ministério da Saúde decidiu antecipar, desde 6/12, a segunda dose de reforço da vacina bivalente contra a Covid-19 para idosos e pessoas com comorbidade com mais de 12 anos que já tenham tomado a última dose do imunizante há mais de seis meses. A orientação tem como pano de fundo a identificação de novas subvariantes do vírus no país por duas farmacêuticas do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (LACEN/CE), Shirlene Telmos Silva de Lima e Vânia Angélica Feitosa Viana.
Já identificadas em outros países, as subvariantes JN.1 e BA.2.86.1 foram descobertas no Brasil por duas farmacêuticas. A JG.3, derivada da EG.5 ou Éris, foi isolada no Ceará também, mas não se tornou predominante por lá. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ao menos a JN.1 e JG.3 foram encontradas em 47 países.
"Com a identificação das novas sublinhagens no país, decidimos antecipar para grupos prioritários uma nova dose da vacina bivalente. A vacinação é essencial para nossa proteção", afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima.
Apesar da nova orientação, a pasta reforça que a atual imunidade da população em todo o mundo permanece altamente reativa a esta variante, especialmente contra doenças graves, mas também contra doenças sintomáticas e, "portanto, é pouco provável que o aparecimento desta variante aumente a carga sobre os sistemas nacionais de saúde pública", completa a nota técnica.
A pesquisadora Shirlene Telmos Silva de Lima comentou a medida do Ministério da Saúde. “Extremamente acertada e coerente”. E completou: “Sinto-me ainda mais motivada a continuar no caminho da pesquisa, que faz parte da ciência séria e comprometida. A pesquisa nos leva a descobertas e, consequentemente, a soluções e tomada de decisões em tempo hábil e oportuno que beneficiam a sociedade como um todo”, destacou.
O imunizante bivalente, produzido pela Pfizer/BioNTech, foi desenvolvido para aumentar a proteção contra a variante Ômicron do coronavírus, predominante no mundo desde o fim de 2021. No início, essas doses foram autorizadas apenas como aplicações de reforço, ou seja, depois de ao menos duas doses das vacinas monovalentes.
As doses originais, embora ainda altamente eficazes para prevenir desfechos graves, induzem uma resposta mais fraca para as novas versões do vírus devido às suas mutações.
Para os grupos populacionais considerados de maior risco para doença grave ao contrair a Covid-19, como os idosos e imunocomprometidos, essa diminuição é mais significativa, o que leva à necessidade de atualizar o esquema vacinal com o reforço adaptado.
A partir de 2024, as vacinas contra a Covid-19 serão incluídas no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 6 meses a menores de 5 anos e grupos com maior risco de desenvolver as formas graves da doença, como idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas.
No Brasil, em 2023, foram registrados 1.747.130 casos e 13.936 óbitos por Covid-19 até o dia 25 de novembro, sendo 29.638 casos novos e 319 novos óbitos de 19 a 25 de novembro.