Sociedades médicas reforçam alerta sobre riscos do uso de testosterona em mulheres

Entidades destacam que apenas uma indicação é reconhecida e que aplicações fora desse contexto podem gerar efeitos graves

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A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e a Sociedade Brasileira de Cardiologia divulgaram uma nota conjunta reforçando que o uso de testosterona em mulheres deve seguir critérios estritamente clínicos. As entidades afirmam que a prescrição só é considerada adequada nos casos de Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo, após avaliação médica criteriosa. Segundo o comunicado, qualquer utilização fora dessa indicação representa potencial risco à saúde.

As organizações explicam que a prática indiscriminada da terapia tem se ampliado, impulsionada por demandas estéticas e promessas de ganho de desempenho. Na avaliação das entidades, essa tendência preocupa pela ausência de respaldo científico e pela possibilidade de danos significativos. A nota lembra que dosagens isoladas não devem embasar o início do tratamento e que objetivos não terapêuticos configuram uso inadequado.

O documento também destaca efeitos adversos importantes associados ao uso fora da indicação formalmente reconhecida. Entre os riscos mencionados estão alterações virilizantes, como acne, queda de cabelo, crescimento de pelos e mudança permanente da voz, além de problemas hepáticos, desordens psicológicas, infertilidade e potenciais consequências cardiovasculares, incluindo arritmias, tromboses, infarto e acidente vascular cerebral. As entidades observam ainda que a terapia pode influenciar negativamente exames laboratoriais relacionados ao metabolismo lipídico.

Outro ponto enfatizado é que a agência reguladora brasileira não aprovou formulações de testosterona destinadas ao uso feminino. De acordo com a nota, não existe reconhecimento oficial para aplicações com finalidade estética, de modulação corporal, aumento de disposição física ou propostas antienvelhecimento. As entidades concluem que a adoção da terapia exige rigor técnico e deve limitar-se às evidências disponíveis, preservando a segurança das pacientes.