Estudo mostra que tirzepatida supera semaglutida na redução de peso
A pesquisa incluiu 751 voluntários dos Estados Unidos e de Porto Rico

Um estudo clínico divulgado neste domingo (11) durante o Congresso Europeu de Obesidade (ECO) e publicado na revista The New England Journal of Medicine revelou que o medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, apresentou resultados superiores ao Wegovy, da Novo Nordisk, no tratamento da obesidade.
A pesquisa, intitulada SURMOUNT-5, analisou os efeitos da tirzepatida (substância ativa do Mounjaro) e da semaglutida (presente no Wegovy e no Ozempic) em adultos com obesidade ou sobrepeso, mas sem diabetes. Após 72 semanas de acompanhamento, os participantes tratados com tirzepatida registraram uma perda média de 20,2% do peso corporal, enquanto os que usaram semaglutida perderam 13,7%. Em termos absolutos, isso equivale a uma redução média de 22,8 kg com tirzepatida, contra 15 kg com semaglutida.
O estudo também mostrou que a tirzepatida levou a melhores resultados em metas secundárias: 64,6% dos pacientes que usaram o Mounjaro atingiram pelo menos 15% de redução no peso, frente a 40,1% no grupo da semaglutida. Além disso, a redução média da circunferência abdominal foi maior com tirzepatida — 18,4 cm — contra 13 cm no grupo comparativo.
A pesquisa incluiu 751 voluntários dos Estados Unidos e de Porto Rico. Todos receberam orientações sobre dieta e prática de atividade física. Os participantes foram divididos aleatoriamente para receber diferentes dosagens dos medicamentos, com a maioria atingindo a dose máxima tolerada de cada substância.
Embora os dados preliminares já tivessem sido divulgados em 2024, os resultados agora foram revisados por pares e oficialmente publicados. Para especialistas, os achados representam um avanço significativo no tratamento da obesidade.
“Este estudo é relevante por comparar diretamente dois medicamentos já consagrados e mostrar que a tirzepatida pode proporcionar melhores resultados, com um perfil de segurança semelhante”, afirmou Bruno Halpern, vice-presidente da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), que não participou do estudo. Ele destacou ainda a importância de tratamentos mais eficazes: “Antes, perder 5% do peso já era considerado um bom resultado. Hoje, conseguimos alcançar reduções de até 20%.”
Mecanismos diferentes, resultados distintos
Embora ambos os medicamentos pertençam à classe dos agonistas do GLP-1, há diferenças importantes entre eles. O Wegovy contém semaglutida, substância que imita o hormônio GLP-1, regulando o apetite e a glicemia. Já o Mounjaro combina a ação do GLP-1 com a do GIP, outro hormônio gastrointestinal, o que potencializa sua eficácia.
Estudos anteriores já haviam indicado que o Mounjaro seria mais potente que o Wegovy. Em um deles, 82% dos usuários de tirzepatida atingiram uma perda de pelo menos 5% do peso corporal em um ano, comparado a 67% dos que tomaram semaglutida.
No Brasil, Mounjaro já é aprovado para diabetes tipo 2
No Brasil, o Mounjaro foi aprovado pela Anvisa em setembro de 2023 para tratar o diabetes tipo 2. Ainda não há autorização para seu uso com foco exclusivo no combate à obesidade. Segundo Luiz Magno, diretor médico da Eli Lilly Brasil, a empresa aguarda a análise da agência reguladora para essa nova indicação. Ele destaca que a aprovação pode ser um marco importante diante da crescente prevalência da obesidade no país.
“Com um em cada quatro adultos brasileiros afetados pela obesidade, é fundamental ampliar o acesso a terapias eficazes. A tirzepatida mostra potencial para transformar o tratamento dessa condição tão comum e com múltiplas complicações associadas”, afirmou Magno.