Farmacêutica, apresentadora de TV ou dona de casa: nenhuma mulher está imune à violência doméstica
Todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil durante o ano de 2022 e no primeiro semestre de 2023
A modelo e apresentadora Ana Hickmann formalizou uma queixa na delegacia contra seu esposo, Alexandre Correa, alegando violência doméstica. O incidente foi registrado em uma delegacia em Itu, interior de São Paulo, sob as acusações de lesão corporal e violência doméstica. Conforme relatado no boletim de ocorrência, a agressão ocorreu no sábado, por volta das quatro da tarde. É importante destacar que quando se trata de violência doméstica não existe um perfil de vítima ou de agressor e o caso da apresentadora evidencia isso.
Todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil durante o ano de 2022 e no primeiro semestre de 2023. Cerca de 50 mil mulheres sofreram algum tipo de violência a cada dia no ano passado. Essa triste conclusão foi revelada por uma pesquisa do Instituto Datafolha, realizada a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma ONG sem fins lucrativos que reúne especialistas no assunto para elaborar estudos e proporcionar cooperação técnica a governos e demais interessados. No Brasil, uma mulher é vítima de violência física a cada quatro horas.
Somente na página oficial do CFF, durante este ano, noticiamos as mortes de 4 farmacêuticas, vítimas de feminicídio: Yasminny Couto (RJ), Daiane Voigt (SC), Eliana Fernandes (PR) e Gabriela Alves Grecco (RS). Em 2023, o Conselho Federal de Farmácia (CFF), lançou a campanha #NãoSeCale, para conscientização e enfrentamento deste grave problema social. O CFF, desde 2020, apoia a campanha Sinal Vermelho, desenvolvida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação Brasileira de Magistrados (AMB).
Lenira Costa, vice-presidente do CFF e membro do GT de Mulheres Farmacêuticas, afirma que as mídias sociais e a ampliação do acesso à informação podem ter um papel fundamental no combate a este grave problema social: “À medida que o acesso à informação e a compreensão sobre a violência aumentam, a vítima torna-se mais capaz de perceber, identificar e nomear a agressão. A legislação protege as mulheres também contra outros tipos de violência senão a física e psicológica, como a moral e patrimonial, que muitas vezes passam despercebidas e precedem a própria violência física”.
Para a vice-presidente, existe um grave problema na falta de investimentos em políticas públicas de acolhimento a mulheres em situação de violência. “Mulheres mais vulneráveis enfrentam consideráveis desafios ao tentar escapar de situações de violência, uma vez que, frequentemente, dependem financeiramente do agressor. Assim, não é suficiente que o sistema de justiça seja capaz de retirar a mulher dessa situação; é necessário estabelecer uma estrutura de acolhimento e inclusão social para garantir que elas não retornem ao ambiente de violência devido à dependência econômica”, conclui Lenira.
A delegada chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), Ana Carolina Litran Andrade, explica como proceder caso seja vítima de violência doméstica: “Primeiro, a mulher precisa se identificar enquanto vítima nesse contexto. E sempre que for possível, apontar testemunhas que tenham presenciado as agressões, sejam elas verbais ou físicas, mensagens encaminhadas pelo celular e filmagens. Todos esses elementos se constituem como meios de prova para comprovar as alegações da vítima em um processo de violência doméstica. Se a situação está ocorrendo, é importante que entre em contato com o 190 e certamente algum policial militar vai se deslocar até o local e auxiliar com os procedimentos a serem seguidos. Se o fato já aconteceu, procure a delegacia mais próxima. Todas as delegacias de polícia funcionam 24 horas e possuem sessões de atendimento à mulher durante o expediente. Busque ajuda o mais rápido possível”.
A campanha #NãoSeCale, do CFF, é contínua e vigilante. Você não esta sozinha!