Farmacêuticos na hemodiálise: pai e filho se destacam em áreas do tratamento de pacientes renais

Saiba como é o trabalho no controle da qualidade da água e na parte clínica

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A doença renal crônica é uma condição clínica que leva a alterações da função renal de forma progressiva e irreversível, exigindo algum tipo de terapia renal substitutiva (TRS), em seu estágio final. No acompanhamento a estes pacientes, que reportam do serviço de diálise, o farmacêutico contribui para a garantia dos requisitos técnicos e legais no tratamento da água, na fabricação e no controle da qualidade do polieletrolítico concentrado para hemodiálise. Além disso, ele desempenha ações clínicas e gerenciais, bem como colabora com as atividades externas ao ensino e à pesquisa. 

O Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamentou as atribuições do farmacêutico no âmbito dos serviços de diálise em 2009, por meio da Resolução nº 500, atualizada dez anos depois pela Resolução nº 672/2019. O farmacêutico industrial Renato Finotti atua, há 23 anos, no tratamento e controle de qualidade da água. Ele fez a revisão da norma sobre o tema, enquanto participava de um Grupo de Trabalho no Conselho Federal de Farmácia (CFF). O profissional explica como está envolvido no processo de filtragem de sangue do paciente. "A pessoa com doença renal crônica dializa, em média, 3x por semana durante 4 horas. E, em cada sessão, passa pelo capilar, pelo dializador do paciente em torno de 120 litros de água purificada. Não é uma água estéril, mas é uma água que precisa ter uma qualidade controlada", detalha. 
 
Renato Finotti diz que seu filho, Luis Arthur Finotti Ono, também encontrou inspiração na área relacionada à hemodiálise, inclusive como clínica. "Esta é a outra vertente da atuação farmacêutica na hemodiálise, que tem como objetivo cuidar do monitoramento da terapia medicamentosa, para garantir sua eficácia e segurança, que também são indispensáveis ​​para os pacientes renais que, geralmente, são polimedicados. Temos, ainda, a parte de produção de concentrados, que são as soluções utilizadas para fazer a diálise, além de controle de estoque, compra de material e parte laboratorial. Então, basicamente, o farmacêutico consegue participar de toda a cadeia de atendimento ao paciente renal, tanto agudo, quanto molecular". 

Contudo, Renato Finotti, observa que ainda são poucos os profissionais que atuam neste setor. "Existe uma grande vantagem na atuação do farmacêutico na hemodiálise, que é uma área relativamente nova para a Farmácia e que representa uma grande oportunidade para os profissionais. E vale muito a pena difundir essa informação para que, cada vez mais, tenham mais farmacêuticos trabalhando na hemodiálise". 

A farmacêutica Márcia Saldanha, conselheira federal de Farmácia pelo estado de Mato Grosso do Sul, local onde o Renato desenvolve a função de controle da qualidade da água no processo de hemodiálise, destaca o quanto é importante a contribuição farmacêutico neste setor. "A atuação clínica junto à pessoa com doença renal crônica tem se consolidada em países e em todas as fases da doença, desde a prevenção à terapia renal substitutiva. Por isso, a inclusão desse profissional em tais serviços contribui para a melhoria do processo de uso dos medicamentos, a redução dos riscos, a gestão e a qualidade dos serviços prestados ao paciente”. 

Como farmacêutico hospitalar, o profissional é responsável pela gestão e controle da qualidade dos medicamentos e dos materiais utilizados na hemodiálise. Isso inclui a garantia da qualidade da água utilizada, do concentrado polieletrolítico e de outros produtos necessários para o procedimento. A indústria hospitalar também pode participar do treinamento da equipe de enfermagem e médicos sobre o uso de medicamentos e materiais na hemodiálise.