Anvisa amplia indicação do Wegovy para tratamento de gordura no fígado com inflamação

Medicamento passa a ser autorizado para adultos com MASH e fibrose moderada a avançada, ampliando o uso além da obesidade

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira, 15, a ampliação da indicação do medicamento Wegovy, à base de semaglutida 2,4 mg, para o tratamento de gordura no fígado com inflamação. Até então, o produto estava autorizado apenas para o manejo da obesidade no Brasil.

Fabricado pela farmacêutica Novo Nordisk, o medicamento passa a ser indicado para adultos diagnosticados com esteatohepatite associada à disfunção metabólica, conhecida pela sigla MASH, que apresentem fibrose hepática moderada a avançada, sem evolução para cirrose. A decisão representa um avanço no cuidado de uma condição metabólica grave e de alta prevalência.

A gordura no fígado, também chamada de esteatose metabólica, afeta cerca de 30% da população mundial e está fortemente associada ao sobrepeso e à obesidade. Estima-se que oito em cada dez pessoas com excesso de peso convivam com algum grau da doença, muitas vezes sem apresentar sintomas evidentes.

Quando não identificada e tratada adequadamente, a condição pode evoluir para quadros inflamatórios mais severos, aumentando o risco de cirrose hepática, transplante de fígado e complicações cardiovasculares. Pessoas com MASH apresentam maior probabilidade de infarto, acidente vascular cerebral e mortalidade cardiovascular em comparação com a população geral.

A MASH é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado associado a inflamação persistente, que provoca danos às células hepáticas e favorece o desenvolvimento de fibrose ao longo do tempo. A doença está relacionada a alterações metabólicas como resistência à insulina, obesidade e outros fatores cardiometabólicos.

Atualmente, mais de 250 milhões de pessoas vivem com MASH em todo o mundo, e projeções indicam que o número de casos em estágios avançados pode dobrar até 2030. Por se tratar de uma condição silenciosa nas fases iniciais, o diagnóstico costuma ocorrer tardiamente, o que reforça a importância de novas opções terapêuticas aprovadas pelas autoridades sanitárias.