Pesquisadores da UFMA descobrem propriedades fotoprotetoras e antioxidantes no babaçu

Próximo passo é desenvolver formulações inovadoras baseadas nesses extratos para uso cosmético

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Estudo realizado na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) revelou que a farinha do mesocarpo do babaçu, uma palmeira nativa do Maranhão, contém propriedades fotoprotetoras e antioxidantes. Os pesquisadores do Laboratório de Fisiopatologia e Investigação Terapêutica (LaFIT) divulgaram os resultados dos testes in vitro na revista Acta Amazônica, destacando o extrato da farinha do mesocarpo do babaçu como um aliado essencial na preservação e cuidado da pele.

A descoberta teve origem na dissertação de mestrado da farmacêutica Mércia Machado, do Programa de Pós-graduação em Saúde e Tecnologia (PPGST) e foi publicada em formato de artigo científico intitulado “Photoprotective and antioxidant effect of babaçu mesocarp flour extracts”, também assinado pelos autores Yaron Santos Alencar, Caroline Martins de Jesus, Tatielle Gomes Dias e Jaqueline Daniele Santos Barros. Os resultados indicam que os extratos da farinha do mesocarpo do babaçu possuem alta atividade antioxidante, com a propriedade de proteger a pele contra radicais livres gerados pela exposição solar excessiva. Mércia Machado considera a descoberta dessa alternativa natural e eficiente para proteção solar muito significativa para saúde, considerando a crescente preocupação com os efeitos nocivos da exposição ao sol e a possível toxicidade que o uso prolongado de protetores convencionais pode trazer para os pacientes e para o meio ambiente. "Alguns protetores solares apresentam o efeito de serem absorvidos pela pele e caírem na circulação sistêmica, há estudos que indicam já ter sido encontrado resíduos desses agentes no leite materno, na urina, saliva. Há também evidências de que também esses resíduos destes filtros solares tenham sido encontrados em corais, no fundo do mar, na carne de peixes e também no solo".


O uso do babaçu em protetores solares não só oferece benefícios para a saúde humana, mas também promove a sustentabilidade e apoia as comunidades locais dependentes do extrativismo dessa palmeira. "O trabalho também tem um valor especial para o Maranhão, onde o babaçu é um elemento cultural e econômico crucial. A valorização desse recurso natural pode fortalecer a economia local, beneficiando as comunidades que dependem do extrativismo do babaçu e promovendo práticas ambientalmente sustentáveis". A farmacêutica destaca que pesquisa com o Babaçu teve início há mais de quinze anos. "Nossa equipe tem focado em avaliar as propriedades farmacológicas, especialmente do mesocarpo e do óleo do babaçu". 

O extrato hidroetanólico, retirado do babaçu, mostrou uma atividade fotoprotetora expressiva, com um Fator de Proteção Solar (FPS) de 16,69, enquanto o extrato aquoso registrou um FPS de 14,83. "Importante destacar que o extrato hidroetanólico não apresentou efeitos citotóxicos nas concentrações testadas, indicando sua segurança para uso", afirma a farmacêutica.

O estudo foi orientado pelo professor e farmacêutico Aramys Silva dos Reis, do LaFIT, e coorientado pelo professor Richard Pereira Dutra, do Laboratório de Química de Produtos Naturais da UFMA, com a colaboração da professora Rosane Nassar Meireles Guerra, do Laboratório de Imunofisiologia da UFMA. "O trabalho começou sob a liderança da professora Dra. Rosane Guerra, do Departamento de Patologia da UFMA, em São Luís e, recentemente, o Campus de Imperatriz passou a participar de um Instituto de Pesquisa do Babaçu. O professor Aramys Reis, e o professor Richard Dutra, me propuseram investigar a atividade fotoprotetora do mesocarpo do babaçu, com o objetivo de desenvolver produtos para a pele". 

De acordo com a farmacêutica, já existiam alguns dados indicando que o mesocarpo continha compostos fenólicos com potencial ação fotoprotetora e antioxidante. Por isso, ela e a equipe evolveram testar essa hipótese. "Os resultados foram incríveis. O nosso grupo não se limita ao babaçu, estudamos também outros produtos regionais como o buriti, o mastruz e o gervão". O próximo passo é desenvolver formulações inovadoras baseadas nesses extratos para uso cosmético e investigar outras propriedades funcionais. 

A conselheira federal de farmácia pelo estado do Maranhão, Gizelli Santos Lourenço, parabeniza os pesquisadores pelos resultados encontrados e reforça a importância que este tipo de pesquisa pode trazer devido ao potencial de promoção para melhorias sociais e econômicas das comunidades locais, por meio do acesso sustentável aos recursos, visando o compartilhamento dos benefícios provenientes da flora natural.

A Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) foi responsável pelo financiamento do estudo. Além disso, a pesquisa contou com o apoio e financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.