Alerta: Europa registra maior número de casos de sarampo desde 1997

Com mais de 127 mil infecções, região responde por um terço dos casos globais; queda na vacinação e impacto da pandemia são apontados como causas

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Em 2024, a Europa viveu o pior surto de sarampo em quase três décadas. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef revelam que a região registrou 127.350 casos da doença, o dobro do número de 2023 e o maior desde 1997. A Europa, que inclui 53 países do continente e da Ásia Central, concentrou um terço de todas as infecções globais neste ano.

Crianças são as mais afetadas

Mais de 40% dos casos ocorreram em menores de cinco anos, e mais da metade dos pacientes precisou ser hospitalizada. Dados preliminares indicam pelo menos 38 mortes confirmadas. A Romênia lidera o ranking, com 30 mil casos, seguida pelo Cazaquistão (28 mil).

“O sarampo está de volta, e isso é um alerta. Sem altas taxas de vacinação, não há segurança sanitária”, afirmou o Dr. Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa. A doença, altamente contagiosa, pode causar complicações graves como pneumonia, inflamação cerebral, cegueira e até a morte.

Queda na vacinação é o principal motivo

Após atingir o menor número de casos em 2016 (4.440), a região viu o sarampo avançar novamente a partir de 2018. A pandemia de Covid-19 agravou o cenário: muitos países ainda não recuperaram os níveis de vacinação anteriores. Para garantir proteção coletiva, é necessário imunizar 95% da população, mas países como Montenegro, Bósnia e Herzegovina e Romênia vacinaram menos de 80% das crianças com a primeira dose em 2023.

“Em surtos recentes no Reino Unido, uma em cada cinco crianças com sarampo foi hospitalizada”, destacou o Dr. Doug Brown, da British Society for Immunology. Especialistas reforçam que a falsa sensação de segurança, devido ao sucesso histórico das vacinas, tem levado pais a negligenciar a imunização.

Alerta global e exemplo positivo

A preocupação não se limita à Europa. Nas Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu alerta após a confirmação de 268 casos em países como Argentina, EUA e México até fevereiro – um salto em relação às 60 infecções registradas no mesmo período de 2023.

O Brasil, porém, destaca-se positivamente. Após perder o certificado de “país livre do sarampo” em 2018, recuperou o status em novembro de 2024, com cobertura vacinal de 95% para a primeira dose. O avanço contrasta com a situação europeia e serve como exemplo de que a recuperação é possível.

“O vírus do sarampo nunca descansa – e nós também não podemos”, concluiu Kluge. A mensagem é clara: sem vacinação em massa, doenças evitáveis continuarão a custar vidas.