43 alunos hospitalizados por compartilharem agulha em aula

Riscos do uso compartilhado de agulhas: farmacêutico alerta sobre perigos e orienta sobre práticas seguras

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Um caso recente ocorrido em uma escola estadual de Laranja da Terra, no Espírito Santo, trouxe à tona uma discussão crucial sobre os riscos do uso compartilhado de agulhas. Durante uma aula prática de Química, um professor utilizou a mesma agulha para coletar sangue de aproximadamente 43 alunos, com idades entre 16 e 17 anos, com o objetivo de identificar seus tipos sanguíneos. O episódio, ocorrido na última sexta-feira (14), gerou preocupação entre pais, estudantes e autoridades, levando à demissão do docente e à abertura de investigações pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu).

Gustavo Pires, farmacêutico e secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF), enfatiza que o uso compartilhado de agulhas é uma prática extremamente perigosa e que pode resultar em graves consequências para a saúde. "O compartilhamento de agulhas é uma conduta totalmente inadequada e inaceitável, seja em ambiente escolar, médico ou qualquer outro contexto. Essa prática expõe as pessoas a riscos de infecções por vírus como HIV, hepatites B e C, além de outras infecções bacterianas e virais", alerta.

Gustavo explica que, mesmo que os resultados iniciais dos testes realizados nos alunos e no professor tenham sido negativos, é essencial que os exames sejam repetidos após um período de 30 dias. "Algumas doenças infecciosas têm um período de janela imunológica, ou seja, um intervalo de tempo entre a exposição ao agente infeccioso e a detecção do mesmo no organismo. Por isso, é fundamental realizar novos testes após esse período para garantir que não houve contaminação", orienta.

O farmacêutico também destaca a importância de seguir protocolos de biossegurança em atividades que envolvam procedimentos invasivos, como a coleta de sangue. "Qualquer prática que envolva o uso de agulhas ou materiais perfurocortantes deve ser realizada com equipamentos descartáveis e esterilizados, além de seguir rigorosos padrões de higiene e segurança. É inadmissível que uma mesma agulha seja utilizada em mais de uma pessoa, mesmo que seja para fins educativos", afirma.

Além dos riscos à saúde, o farmacêutico ressalta que o caso serve como um alerta para a necessidade de capacitação e conscientização de profissionais que lidam com procedimentos de saúde, mesmo em contextos educacionais. "É fundamental que professores e demais profissionais estejam cientes dos riscos e das práticas seguras ao realizar atividades que envolvam o manuseio de materiais biológicos. A educação em saúde deve ser priorizada para evitar situações como essa", completa.

O Conselho Federal de Farmácia reforça a importância de denunciar práticas inadequadas e buscar orientação de profissionais qualificados em caso de dúvidas sobre procedimentos de saúde. "A população deve estar atenta e cobrar que todos os cuidados sejam tomados em situações que envolvam riscos à saúde. A prevenção é sempre a melhor estratégia", conclui Gustavo Pires.

Enquanto os alunos aguardam a realização dos novos exames, o caso segue sob investigação, e a comunidade escolar reflete sobre a necessidade de maior rigor e supervisão em atividades práticas que envolvam a saúde e a segurança dos estudantes.