Farmacêutica Maria da Penha recebe o título de doutora honoris causa pela UFC

Título é um reconhecimento à luta contra a violência doméstica

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A farmacêutica e ativista Maria da Penha Fernandes foi agraciada com o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Ceará (UFC). A cerimônia celebrou não apenas a trajetória de uma mulher que transformou sua dor em luta, mas também reconhece a importância de sua contribuição para a sociedade brasileira, especialmente no combate à violência doméstica. Graduada em Farmácia Bioquímica pela UFC, Maria da Penha é um símbolo de resistência e uma inspiração para a categoria farmacêutica.

Walter Jorge João, presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), destacou a relevância da homenagem e o orgulho da profissão farmacêutica em ter Maria da Penha como uma de suas representantes. “Sua luta pela proteção das mulheres e pela erradicação da violência doméstica é um legado que honra não apenas a farmácia, mas todos os brasileiros. Estamos profundamente orgulhosos de tê-la como uma farmacêutica que mudou a história do nosso país”, afirmou.

Maria da Penha foi vítima de violência doméstica por parte de seu então marido, Marco Antônio Viveiros, que tentou assassiná-la duas vezes em 1983, deixando-a paraplégica. Sua história de superação e luta resultou na criação da Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, que se tornou um marco na proteção das mulheres contra a violência doméstica e familiar no Brasil. Além disso, ela fundou o Instituto Maria da Penha, que, em parceria com pesquisadores da UFC, promove estudos e ações para combater a violência de gênero.

A vice-reitora da UFC, Diana Azevedo, ressaltou o significado da concessão do título. “É um reconhecimento da Universidade Federal do Ceará à importância que ela teve no estabelecimento de uma lei de proteção contra a violência doméstica e na causa dos direitos das mulheres. Conceder esse título nos compromete, como instituição, a seguir implantando também uma política não só contra as discriminações de gênero, mas também uma política antirracista e anticapacitista”, afirmou. Ela também destacou que, nos 70 anos da UFC, Maria da Penha é apenas a sexta mulher a receber o título de doutora honoris causa, o que reforça a necessidade de maior paridade de gênero nos reconhecimentos acadêmicos.

A UFC ainda homenageia Maria da Penha com as “Prateleiras Maria da Penha” em suas bibliotecas, incentivando a leitura de obras que discutam questões de gênero e violência contra a mulher. Autora do livro “Sobrevivi, posso contar”, onde narra sua história, Maria da Penha segue inspirando gerações e mostrando que a luta por justiça e igualdade é um dever de todos.