Farmacêuticas da FURB lideram projeto nacional sobre micoses endêmicas para o Ministério da Saúde
Professoras Tatiani Rensi Botelho e Isabel Daufenback Machado fortalecem o protagonismo do farmacêutico na pesquisa, no tratamento e na assistência a doenças fúngicas no Brasil
As farmacêuticas e professoras Tatiani Rensi Botelho e Isabel Daufenback Machado, da Universidade Regional de Blumenau (FURB), estão à frente de um projeto de grande relevância para a saúde pública brasileira: o desenvolvimento de produtos e diretrizes na área de micoses endêmicas, em parceria com o Ministério da Saúde. A iniciativa faz parte da consultoria prestada por Botelho ao órgão desde 2024, a convite do também farmacêutico e professor Luiz Henrique Costa, atual coordenador geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Entre as primeiras ações conduzidas, as pesquisadoras realizaram uma análise detalhada dos medicamentos utilizados no tratamento das micoses endêmicas no país, considerando mecanismos de ação, eficácia e segurança. O trabalho busca identificar alternativas terapêuticas e viabilizar novos estudos diante do aumento da resistência fúngica e da toxicidade hepática de muitos antifúngicos tradicionais. Para Botelho, compreender o perfil dos medicamentos é essencial para garantir tratamentos mais eficazes e seguros.
Atualmente, as farmacêuticas trabalham na elaboração de um guia de assistência farmacêutica voltado ao tratamento das micoses endêmicas, que será publicado em parceria com o Ministério da Saúde. O material tem como objetivo orientar o uso racional dos medicamentos e reforçar o papel do farmacêutico na dispensação, na orientação aos pacientes e na prevenção de efeitos adversos. Segundo Botelho, o farmacêutico é peça fundamental para assegurar o acesso ao tratamento e o acompanhamento terapêutico adequado.
As micoses endêmicas, como candidíase, histoplasmose, criptococose, esporotricose e aspergilose, são infecções graves associadas a fatores ambientais e climáticos e podem ser fatais em pacientes com baixa imunidade. No Brasil, o monitoramento ainda é limitado, já que essas doenças não são de notificação obrigatória. Um projeto piloto do Ministério da Saúde, em andamento em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, permite que farmacêuticos e médicos registrem casos e controlem a distribuição de medicamentos por meio de uma plataforma integrada, o que representa um avanço importante para a vigilância e a gestão terapêutica.