Casal acusado de deformar mais de 60 pessoas é suspeito de vender medicamentos com receitas falsas

Donos de clínica em Goiânia são acusados de manipular e vender medicamentos proibidos pela Anvisa, além de causarem graves complicações em mais de 60 pacientes

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A prisão dos empresários e influenciadores digitais Karine Gouveia e Paulo César Dias, conhecido como PC Segredo, foi prorrogada por mais 30 dias pela Justiça de Goiás. PC Segredo, que é primo do cantor Gusttavo Lima e atuou como seu primeiro empresário, é um dos proprietários da clínica de estética localizada em Goiânia, acusada de causar sérias deformidades físicas em mais de 60 pacientes.

As denúncias contra o casal resultaram em sua prisão no dia 14 de dezembro de 2024. Eles enfrentam acusações por crimes como exercício ilegal da medicina, lesão corporal gravíssima, falsificação de documentos, corrupção, adulteração de medicamentos e estelionato. Segundo a Polícia Civil, uma das vítimas chegou a ser entubada devido a uma necrose no nariz após um procedimento realizado na clínica.

Durante a decisão que prorrogou a prisão, o juiz apontou a existência de um esquema ilegal relacionado à manipulação e comercialização de medicamentos com prescrições falsas. Além disso, foi constatado que a clínica oferecia serviços a preços baixos, utilizando materiais inadequados. Em operações de busca, autoridades apreenderam uma grande quantidade de substâncias manipuladas de forma irregular, algumas delas proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O número de vítimas identificadas aumentou de 23 para mais de 60, e muitas relataram sequelas físicas e psicológicas severas, incluindo tentativas de suicídio.

A Justiça determinou o bloqueio de bens do casal, ampliando o valor de R$ 2,5 milhões para R$ 6,1 milhões, além do confisco de um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões. Perfis da clínica em redes sociais também foram removidos por decisão judicial.

Como parte das investigações, foi autorizada a quebra de sigilo telemático de Karine, Paulo César e outros envolvidos. Além disso, foram decretadas prisões temporárias de sete ex-funcionários e colaboradores, reforçando as suspeitas de uma organização criminosa atuando no esquema.

Nota da defesa do casal

Karine Gouveia e Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime. Sobre as acusações das mais de 60 pessoas que procuraram a delegacia, a defesa esclarece que todo procedimento estético exige cuidados pós-operatórios adequados e o acompanhamento contínuo do paciente. A fase pós-procedimento é fundamental para garantir resultados satisfatórios e evitar complicações. Os casos em que a defesa teve conhecimento até o momento são, na maioria, referentes a intervenções realizadas em anos anteriores e necessitam ser avaliados de forma detalhada. Em todos os casos em que a clínica teve conhecimento, sempre atuou com transparência, oferecendo todo o suporte necessário para a resolução de eventuais questões que possam ter surgido.

As defesas dos investigados têm denunciado vários abusos e violação de direitos, pois se há uma investigação em que há censura dos elementos colhidos e já documentos pela autoridade policial, se valendo de uma prisão sem fundamento real que está sendo utilizada como instrumento de coação para promover investigação clandestina e fora dos parâmetros legais, manchando a credibilidade das instituições e colocando em xeque todo o processo. Independente dos fatos investigados, a sociedade civil precisa estar atenta para que casos como este não se tornem a regra: pessoas sendo condenadas sem julgamento e sem direito de defesa, afinal, não se pode tolerar um Estado que prende primeiro e pergunta depois. Uma investigação que perdura há mais de ano, até agora eles não foram ouvidos.

Sobre a prorrogação da prisão temporária, os advogados dos empresários Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves, Drs. Romero Ferraz, Tito Amaral e Caio Tito, respectivamente, discordam absolutamente, e irão recorrer. A defesa reforça que não há qualquer motivação para a manutenção da prisão, uma vez que não há demonstração da sua necessidade para as investigações e que ambos podem responder às acusações em liberdade sem qualquer prejuízo para o processo. Importante destacar que o casal possui um filho de 7 anos que está afastado dos pais há um mês, violando a dignidade da pessoa humana. Inclusive, o STF reconhece que esse tipo de prisão, para constranger investigados e pressioná-los a renunciar aos seus direitos constitucionais, é inconstitucional.

Sobre a decisão judicial que aumentou o valor de sequestro de bens do casal, a defesa entende como natural para garantir uma eventual indenização em casos de ações cíveis. A defesa reforça mais uma vez que se for constatado que o casal teve culpa, eles não se furtarão das responsabilidades, assim como nunca se furtaram. Mas têm o direito de se defenderem.