Participe: consulta pública pode ampliar acesso a tratamento inovador para psoríase no Brasil

ANS debate inclusão de terapia biológica no rol de cobertura obrigatória de planos de saúde; população pode opinar até 28 de abril

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A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu à sociedade a Consulta Pública nº 154, que discute a incorporação do medicamento biológico tildrakizumabe ao rol de tratamentos obrigatórios para psoríase em placas moderada a grave. A proposta, em análise desde julho, visa ampliar o acesso a terapias de alto custo, hoje restritas a uma minoria de pacientes. A participação popular é gratuita e pode ser feita online até 20 de setembro.

Entenda a doença e a urgência do debate
A psoríase é uma doença inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta cerca de 2,5 milhões de brasileiros. Caracterizada por lesões avermelhadas e descamativas na pele, o transtorno vai além do físico: 30% dos pacientes desenvolvem depressão ou ansiedade devido ao estigma social, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Além disso, até 40% dos casos evoluem para artrite psoriásica, complicação que danifica articulações.

Atualmente, o tratamento inclui cremes tópicos, fototerapia e medicamentos imunossupressores. Para casos graves, terapias biológicas — como o tildrakizumabe — são consideradas o padrão-ouro global por atuarem diretamente nas vias inflamatórias, com menos efeitos colaterais. No entanto, seu alto custo (uma dose pode ultrapassar R$ 10 mil) mantém o acesso limitado a quem depende do SUS ou enfrenta judicialização contra planos de saúde.

Como o tildrakizumabe funciona?
O tildrakizumabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia a interleucina-23 (IL-23), proteína-chave no processo inflamatório da psoríase. Aprovado em países como EUA e membros da União Europeia, o medicamento demonstrou em estudos controle prolongado das lesões em 80% dos pacientes após 28 semanas, com aplicações a cada três meses.

“Terapias biológicas representam um avanço significativo, mas a exclusão do rol da ANS perpetua desigualdades. Pacientes sem condições de judicializar ficam reféns de tratamentos ultrapassados”, afirma Dra. Letícia Kops, dermatologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Por que a consulta pública importa?
A ANS avalia critérios como eficácia, segurança e impacto financeiro para definir coberturas obrigatórias. Neste caso, a inclusão do tildrakizumabe depende também do engajamento da sociedade. “A pressão popular é crucial. Em 2021, a incorporação de outro biológico para psoríase só ocorreu após 12 mil contribuições”, lembra Marcos Costa, presidente da Associação Brasileira de Psoríase.

Para participar, basta acessar o portal da ANS, ler a proposta técnica e enviar uma manifestação até 20/09. É possível defender a inclusão do medicamento, sugerir restrições (como estágios específicos da doença) ou se posicionar contra.

Impacto coletivo
Se aprovado, o tildrakizumabe se tornará a sexta terapia biológica coberta por planos de saúde para psoríase, aliviando a demanda por ações judiciais — hoje responsáveis por 70% dos gastos de operadoras com a doença. Para pacientes, a medida significaria menos idas a hospitais, redução de incapacidades laborais e melhora na autoestima.

“Não se trata apenas de uma medicação, mas de dignidade. Muitos abandonam empregos ou isolam-se socialmente por vergonha das lesões”, relata Ana Cláudia, 38, diagnosticada há 15 anos.