Influenza A supera Covid e lidera mortes em idosos por síndrome respiratória grave no país
Com taxa de ocupação de UTIs acima de 85% em alguns estados, secretarias de Saúde mobilizam rede pública e ampliam leitos para conter surto antes da temporada de inverno

O aumento acelerado de casos de influenza A no Brasil tem levado a uma escalada nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em especial entre crianças e idosos, e já mobiliza redes de saúde de 14 capitais em situação de alerta.
Dados do boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 15 de maio, apontam que o vírus influenza A superou a Covid-19 como principal agente causador de mortes por SRAG em idosos. Entre o público infantil, também figura entre as três maiores causas de óbitos por complicações respiratórias.
Desde o início do ano epidemiológico de 2025, o país registrou 56.749 casos de SRAG. Destes, 46,5% apresentaram resultado positivo para algum vírus respiratório, 38,5% foram descartados e 8,7% ainda aguardam exame laboratorial. Dos casos confirmados, 15,3% foram de influenza A — percentual que saltou para 30,1% nas quatro semanas mais recentes.
Entre as crianças e idosos internados, a ocupação de leitos de terapia intensiva já ultrapassa 85% em alguns estados, segundo secretarias locais. No Rio de Janeiro, por exemplo, o sistema público de saúde iniciou a abertura de alas extras em três hospitais estaduais, antes mesmo da temporada de frio.
Em relatório complementar, a Fiocruz destaca crescimento nas tendências de longo prazo (seis semanas) e curto prazo (três semanas), sinalizando agravamento da circulação viral no país. Também aparecem com destaque: vírus sincicial respiratório (42,7% dos casos positivos no ano), rinovírus (25,8%) e Sars-CoV-2 (16,1%).
Capitais em Alerta
Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Natal, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Teresina e Vitória registram índices de SRAG em níveis de alerta, risco ou alto risco, com tendência de alta.
Medidas preventivas e vacinação
Autoridades reforçam a importância da vacinação anual contra a gripe, especialmente para idosos, gestantes, crianças de 6 meses a 5 anos e pessoas com comorbidades. “A campanha é a principal barreira para conter a sobrecarga dos hospitais”, afirma o secretário de Vigilância em Saúde. Além disso, recomenda-se uso de máscaras em ambientes fechados, higiene frequente das mãos e ventilação adequada de espaços coletivos.
Analistas epidemiológicos acompanham, agora, o comportamento das cepas de influenza B e a evolução das variantes de Sars-CoV-2, mas alertam que o foco imediato deve ser conter o surto de influenza A, cujo impacto já se reflete no aumento de custos e na pressão sobre leitos de UTI em todo o país.