Ozempic falso: polícia investiga novo golpe contra pacientes e farmácias

Criminosos trocam canetas injetáveis por versões falsificadas, colocando em risco a saúde de pacientes e causando prejuízo às farmácias

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A polícia está investigando um novo esquema fraudulento envolvendo pacientes e farmácias. Criminosos estão substituindo canetas originais de medicamentos para emagrecimento por versões falsificadas. Sem perceber a troca, os pacientes acabam utilizando o produto adulterado e podem sofrer reações adversas.

Esses medicamentos, apresentados no formato de canetas injetáveis, liberam doses de semaglutida a cada clique. A substância é indicada para o tratamento de diabetes tipo 2, mas também tem sido amplamente utilizada para auxiliar na perda de peso, devido à sua capacidade de reduzir o apetite.

Uma paciente, que usava o medicamento sob prescrição médica há oito meses, relatou ter passado mal após aplicar a dose:

“Usei às 8h da manhã e, 15 minutos depois, comecei a me sentir tonta. Tentei deitar e elevar as pernas, achando que era queda de pressão. Mas às 11h, minha situação ainda não havia melhorado. Estava muito pálida, com lábios escurecidos e incapaz de realizar tarefas simples, como calçar sapatos. Precisei ser levada ao hospital por minha irmã."

Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk Brasil, afirmou que, dos cerca de 50 casos reportados, 11 evoluíram para quadros graves.

O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso a boletins de ocorrência registrados por farmácias no Rio de Janeiro desde agosto. Os documentos descrevem como o golpe ocorre:

Uma pessoa entra em contato com a farmácia solicitando a entrega de cinco ou seis canetas do medicamento. No momento da entrega, o entregador é abordado por alguém que se identifica como o cliente. Essa pessoa, que na verdade é o golpista, alega desistir da compra e devolve as canetas trocadas por versões falsas. O entregador, sem perceber a fraude, retorna à farmácia com o medicamento adulterado.

Quando o cliente final adquire o produto falsificado e reclama, a farmácia é obrigada a reembolsá-lo. Sérgio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, explicou:
“O consumidor tem direito ao ressarcimento caso adquira um produto falsificado.”

Para combater o golpe, o laboratório Novo Nordisk, em parceria com a Anvisa, lançou uma campanha de conscientização nas redes sociais e disponibilizou cartazes para farmácias, destacando as diferenças entre as canetas originais e as falsificadas.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou, por meio de nota, que já ouviu vítimas e testemunhas, e que as investigações continuam em andamento.