Lô Borges passa por internação por intoxicação medicamentosa em Belo Horizonte; estado é estável

Caso reforça a importância crucial do acompanhamento farmacêutico e os riscos da polifarmácia, especialmente entre idosos

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O cantor e compositor Lô Borges, um dos nomes mais fundamentais da Música Popular Brasileira, encontra-se internado em um hospital de Belo Horizonte após sofrer uma intoxicação por medicamentos. Aos 73 anos, o artista deu entrada na unidade de saúde na última sexta-feira (17), após sentir-se mal. A confirmação do caso foi dada nesta quarta-feira (22) por seu irmão mais novo, Yé Borges, que, em respeito à privacidade da família, não divulgou o nome da instituição médica.

De acordo com o último boletim médico, o estado de saúde de Lô Borges é considerado estável. "O estado de saúde é de estabilidade, com todos os parâmetros clínicos em bom nível", afirmou o comunicado oficial. Fontes próximas à família relataram que o músico apresenta uma melhora significativa em seu quadro, mas, até o fechamento desta reportagem, ainda não havia uma previsão concreta para sua alta, indicando que a equipe médica opta por uma observação cautelosa.

O papel estratégico do farmacêutico

O incidente envolvendo o renomado artista serve como um alerta grave para um problema de saúde pública silencioso e frequente. Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) consistentemente apontam os medicamentos como uma das principais causas de intoxicação no Brasil.

Neste contexto, a atuação do farmacêutico revela-se uma ferramenta de prevenção indispensável. Este profissional vai muito além da dispensação de medicamentos. Sua expertise é crucial em várias frentes:

  • Aconselhamento e Educação: Orienta pacientes e familiares sobre a administração correta de cada fármaco (dose, horários, via de administração), o que pode prevenir erros graves.

  • Revisão da Farmacoterapia: Em casos de pacientes que utilizam múltiplos medicamentos, situação comum entre idosos (polifarmácia), o farmacêutico pode identificar interações perigosas entre as substâncias, que podem potencializar efeitos tóxicos.

  • Farmácovigilância: Monitora e reporta reações adversas e eventos inesperados relacionados a medicamentos, contribuindo para a segurança de toda a população.

  • Combate à Automedicação: Alertar sobre os riscos da automedicação, uma prática culturalmente enraizada no país, é uma de suas atribuições primordiais. A ingestão inadvertida de um remédio, ou sua combinação com outro, pode ter consequências sérias, como evidenciado no caso do músico.

O legado de um gênio mineiro

Lô Borges é uma figura indelével na cultura brasileira. Nascido em Belo Horizonte, ele foi cofundador, ao lado de Milton Nascimento, do movimento Clube da Esquina, que revolucionou a música nacional a partir dos anos 1960. O movimento, batizado em referência a um disco homônimo de 1972, fundia influências do rock, do jazz e da música psicodélica com a tradição da MPB e as raízes mineiras, criando uma sonoridade atemporal e complexa.

Canções compostas por Lô, como "O Trem Azul", "Tudo Que Você Podia Ser" e "Nada Será Como Antes" (esta em parceria com Milton Nascimento), tornaram-se hinos atemporais, celebradas por gerações e por uma legião de fãs que agora torcem por sua plena recuperação. Sua obra é considerada um dos pilares que sustentam a riqueza e a diversidade da produção musical do país.

A internação de Lô Borges é, portanto, um momento que une a preocupação com um artista querido à reflexão sobre a necessidade de valorizar os profissionais de saúde, como os farmacêuticos, que estão na linha de frente da prevenção de eventos adversos como este.