Pesquisa nacional: medicamento para combater gordura no fígado entra em fase final de testes
Até agora, apenas um medicamento foi comprovado como eficaz contra a doença
A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, ocorre quando as células hepáticas são infiltradas por gordura. É normal ter alguma gordura no fígado, mas quando essa quantidade atinge 5% ou mais, é essencial iniciar o tratamento o quanto antes. Se não tratada adequadamente, a esteatose pode levar a uma inflamação que pode evoluir para hepatite gordurosa, cirrose hepática ou até câncer no fígado. Esta é uma condição silenciosa que afeta cerca de 35% da população.
Um novo medicamento específico para essa doença está em desenvolvimento, com parte dos estudos realizados no Rio Grande do Sul. A substância, chamada Survodutida, está na fase 3 de testes no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que é a última etapa antes da comercialização.
Embora ainda não aprovada, a fase 2 dos testes mostrou resultados promissores, conforme explica Mário Reis Alvares-da-Silva, chefe do Serviço de Gastroenterologia do hospital.
Mário ressalta que “os resultados da fase 2 são espetaculares e nos dão grande otimismo quanto ao controle futuro da doença. O estudo está sendo organizado em diversos centros ao redor do mundo, incluindo aqui, e deve começar em outubro," estima.
Até agora, apenas um medicamento foi comprovado como eficaz contra a doença. Outros tratamentos existentes reduzem a gordura corporal de maneira indireta. O medicamento Resmetirom atua diretamente no fígado, mas só está disponível nos Estados Unidos, com um custo anual de cerca de R$ 1 milhão.
"É extremamente caro. Pode-se importar, mas o custo varia entre R$ 70 mil e R$ 90 mil por caixa, que dura 30 dias, e teoricamente, o tratamento deve ser contínuo," enfatiza Mário.
Apesar do acesso limitado, o pesquisador vê isso como um avanço significativo que deve progredir ao longo do tempo.
"É preciso cautela para evitar uma corrida desmedida por um medicamento cujos resultados ainda não são excepcionais. Mas há uma grande expectativa. É muito provável que esta droga, ou outras em desenvolvimento, combinadas com outras terapias, possam proporcionar um tratamento eficaz para a doença em breve."