Ácido hialurônico: cuidados ao realizar procedimentos com o preenchedor facial e corporal

Escolha de profissional habilitado e observação dos produtos é muito importante para o sucesso do procedimento estético

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O preenchimento facial é uma técnica determinada pela introdução de componentes biocompatíveis e modeladores em uma camada mais profunda da pele. Como o ácido hialurônico (AH) é uma substância  produzida pelo próprio organismo, com propriedades hidratantes, de sustentação e preenchimento, além de estimular colágeno, seu uso foi popularizado nas clínicas de estética para a manutenção de um aspecto mais jovem da pele. 

Com o passar dos anos, a produção de AH pelo corpo diminui e a reposição de forma injetável pode preencher sulcos, imperfeições decorrentes ou não do envelhecimento. A técnica permite, ainda, que os pacientes façam o aumento labial, feição que ganha cada vez mais adeptos. Porém, a aplicação de um produto chamado PMMA no lugar de ácido hialurônico pode representar um perigo para os pacientes. 

O caso de uma mulher que perdeu os lábios após realizar harmonização facial com um profissional que aplicou PMMA em seu rosto voltou a chamar a atenção da mídia em fevereiro. A influenciadora digital de Matão (SP) acreditou que receberia a aplicação de ácido hialurônico para aumentar o volume da boca, em 2020, mas após sofrer diversas reações adversas e tentar revertê-las, descobriu que tinha sido enganada e havia recebido a aplicação deste outro produto. 

O polimetilmetacrilato (PMMA) é uma substância plástica de caráter permanente, que também pode ser utilizada como preenchedor mas, seu uso para fins estéticos, apesar de ser liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Na medicina, o produto começou a ser uma alternativa na década de 1940, utilizado como cimento ósseo, principalmente, na cirurgia craniofacial e cirurgias ortopédicas. Em função de seu baixo custo, às vezes é aplicado de forma indevida, podendo gerar reações adversas locais imprevisíveis, que geralmente surgem até anos após a aplicação. Sua venda não é restrita, de modo que profissionais da saúde podem fazer aplicações.

Hamonização segura 

Considerando esses riscos, é importante que o paciente procure um profissional habilitado e devidamente registrado no seu conselho de classe na hora de fazer a harmonização facial, é o que explica a especialista Renata Gonçalves, farmacêutica que já compôs Grupo de Trabalho sobre Farmácia Estética do Conselho Federal de Farmácia (CFF). "Como qualquer outro procedimento estético, a escolha do profissional da saúde é o primeiro passo para o sucesso do resultado. Um profissional habilitado e atualizado, que paute seu trabalho na ética e segurança do paciente é muito importante". 

O farmacêutico habilitado em farmácia estética, com seu registro devidamente regular no Conselho Regional de Farmácia (CRF), pode fazer a técnica de preenchimento facial e corporal, desde que utilize preenchedores intradérmicos com ácido hialurônico, produto para saúde biocompatível, absorvível pelo organismo e devidamente registrado na Anvisa.

Aos colegas, Renata Gonçalves enfatiza que o PMMA não se enquadra nos produtos que o farmacêutico esteta pode utilizar, uma vez que se trata de um preenchedor definitivo, ou seja, é um produto não absorvível. "Por isto, o alto risco de injetar esta substância no organismo, pois caso haja uma intercorrência na aplicação ou até mesmo uma rejeição do produto, a retirada deve ser cirúrgica", explica. 

A especialista ainda cita alguns cuidados que podem ser importantes aos farmacêuticos que fazem esse tipo de procedimento com o ácido hialurônico:

- Só realizar os procedimentos com profissional que possuir conhecimento teórico e técnico.
- Só realizar procedimentos/técnicas que estejam elencados nas resoluções do CFF.
- Utilizar produtos e aparelhos devidamente autorizados pela Anvisa para fins estéticos.
- Realizar uma minuciosa avaliação clínica do paciente.

Mais segurança para o paciente

No dia 23 de fevereiro, a Anvisa divulgou uma nota sobre o direito do paciente de ter acesso a etiqueta de rastreabilidade de dispositivos médico, lista que inclui o PMMA. A recomendação é de que, sempre que passar por procedimentos cirúrgicos, solicite a etiqueta do produto que foi implantado. Isso também vale para implantes dentários, válvulas cardíacas e implantes mamários. Saiba mais clicando aqui!