Estudos realizados em animais mostram que a rapamicina pode aumentar a longevidade entre 10% e 30%
Outras pesquisas estão em andamento em humanos e prometem frear o processo do envelhecimento
O envelhecimento é um processo biológico natural do organismo humano, que consiste em mudanças fisiológicas e psicológicas. Mas cientistas de todas as partes do mundo buscam alguma fórmula que possa frear ou retardar este processo, já que este é um desejo quase universal.
E a rapamicina, medicamento prescrito para o tratamento de rejeição de órgãos transplantados, tem sido alvo de diversas pesquisas voltadas para reverter o envelhecimento, com resultados promissores no sentido de reduzir fatores que contribuem para o efeito do avanço da idade nos serem humanos como o estresse oxidativo, inflamações crônicas e diminuição no número de células senescentes, aquelas que causam a flacidez da pele e o aparecimento das rugas.
Em camundongos e outros animais, a rapamicina demonstrou que pode aumentar a longevidade entre 10% e 30%. Em todo o mundo, pelo menos 2.000 estudos simultâneos em torno do medicamento, que envolvem grandes companhias farmacêuticas. Testes como os realizados no projeto "Targeting Aging with Rapamycin in Humans" (TARA) estão em andamento e envolvem adultos saudáveis com 65 anos ou mais. Alguns resultados preliminares mostraram que a rapamicina pode ser segura e bem tolerada por humanos.
O imunodepressor se mostrou eficiente no bloqueio de uma enzima que acelera a divisão celular e provoca o envelhecimento. A expectativa é de que a rapamicina possa reduzir o ritmo do crescimento de alguns tipos de câncer, proteger contra doenças cardíacas e frear distúrbios neurodegenerativos, como o Alzheimer. Ela demonstra um efeito semelhante ao de uma dieta de redução calórica, que já se provou eficaz no aumento da expectativa de vida.
Porém, pouco se sabe ainda sobre uma dosagem necessária para efeito benéfico e seguro ao organismo humano sem desencadear efeitos colaterais. Portanto, essas pesquisas em andamento são cruciais para determinar se a rapamicina pode ser usada como um tratamento contra a progressão degenerativa dos órgãos e aumentar a expectativa de vida em humanos.
A rapamicina foi descoberta acidentalmente nos anos 1970, na Ilha de Páscoa, ao verificar-se que evitava casos de tétano em quem andava descalço, apesar das perfurações nos pés — seu nome deriva da denominação aborígine do território chileno, Rapa Nui.