Farmacêutica é vencedora do prêmio Para Mulheres na Ciência, da L'Oréal Brasil e Unesco
Gisely Cardoso de Melo foi uma das sete vencedoras do prêmio
A farmacêutica Gisely Cardoso de Melo, membro do GT sobre Doenças Tropicais e Negligenciadas do Conselho Federal de Farmácia (CFF), está entre as sete ganhadoras do prêmio Para Mulheres na Ciência, da L’Oréal Brasil. O prêmio, anunciado ano passado, está em sua 17ª edição, e a premiação ocorre em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
As ganhadoras receberam bolsa-auxílio de R$ 50 mil cada, destinadas às suas pesquisas. Gisely destinará a bolsa ao seu projeto que investiga duas hipóteses para a recorrência da malária causada pelo Plasmodium vivax na Região Amazônica. “A primeira seria uma variação do gene CYP2D6, e a segunda, a não adesão dos pacientes ao tratamento”, disse.
A malária é considerada um grave problema de saúde pública no mundo, sendo a recorrência da doença um importante fator que dificulta seu controle e eliminação. E a premiação busca promover e reconhecer a participação feminina na ciência, favorecendo o equilíbrio dos gêneros no cenário brasileiro. O trabalho da farmacêutica é na área de Ciências da Vida.
"Eu sempre tive o sonho de fazer uma graduação, já que ninguém da minha família tinha conseguido. Depois que entrei na Universidade foi que me interessei pela área da Ciência", conta Gisely Cardoso de Melo, farmacêutica bioquímica de 41 anos, de Manaus. Ela conta que ser uma mulher cientista não é fácil, principalmente do ponto de vista de ter que dar conta de várias atividades – conciliar trabalho com a vida, a família, e principalmente os filhos.
No entanto, ela considera que o olhar feminino para a ciência é mais detalhista, focado. Seu projeto envolve estudar melhor a recorrência da malária por Plasmodium vivax e entender como a adesão ao tratamento e farmacogenética pode contribuir para diminuir a recorrência. "Ser reconhecida, estimulada a continuar o trabalho realizado e saber que a mulher pode sim ter lugar de destaque, com muito esforço, dedicação e trabalho é o que representa para mim esse prêmio”, relatou.
Gisely é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM). Atualmente, ela está orientando 11 alunos, entre iniciação científica, mestrado e doutorado. A maioria é de mulheres.