Anvisa aprova Onivyde, nova opção contra câncer de pâncreas

O Onivyde já é aprovado pelas agências reguladoras dos Estados Unidos e da União Europeia, e atualmente está disponível em 47 países

Image description

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta semana, o registro do medicamento Onivyde para o tratamento de pacientes adultos com câncer de pâncreas metastático no Brasil. A decisão marca um avanço significativo para um dos tipos de tumor mais letais e de difícil controle, oferecendo uma nova esperança a quem não respondeu às terapias iniciais.

Onivyde é uma quimioterapia intravenosa à base de irinotecano lipossomal, substância que age diretamente nas células cancerígenas, ampliando a sobrevida e o controle da doença. De acordo com o oncologista Tiago Felismino, o medicamento é indicado como segunda linha de tratamento, ou seja, para casos em que a terapia inicial (primeira linha) falhou. “Pacientes com câncer avançado recebem primeiro um esquema de quimioterapia padrão. Se houver progressão da doença, o Onivyde pode ser combinado com o 5-fluoruracila, um quimioterápico tradicional, para retardar o avanço do tumor”, explica.

Até então, não havia alternativas validadas por estudos clínicos randomizados para esses pacientes após a falha do tratamento de primeira linha. O adenocarcinoma de pâncreas metastático, responsável por 90% dos diagnósticos na categoria, é considerado especialmente agressivo por se espalhar rapidamente para outros órgãos, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A aprovação do Onivyde preenche, portanto, uma lacuna crítica na oncologia brasileira.

Próximos passos e acesso
Com o registro aprovado, o medicamento segue para a etapa de definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A expectativa é que, após essa fase, o tratamento seja incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o acesso a pacientes de todo o país.

Onivyde já é utilizado em 47 países, incluindo Estados Unidos e nações da União Europeia, onde foi aprovado pelas agências reguladoras locais. A chegada ao Brasil reforça o alinhamento do país a padrões internacionais de inovação terapêutica.

Impacto na prática clínica
Para especialistas, a disponibilidade do medicamento representa não apenas mais tempo de vida, mas também qualidade de vida. “Em um cenário onde as opções eram limitadas, ter uma terapia eficaz comprovada é um divisor de águas”, afirma Felismino. Enquanto aguardam a chegada do tratamento ao SUS, pacientes e familiares veem a decisão da Anvisa como um fio de esperança em uma jornada marcada por desafios.