Ministério da Saúde orienta intensificação de vigilância contra a febre Oropouche

CFF conclama farmacêuticos a contribuir. Duas mortes foram confirmadas pela doença no país

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O Ministério da Saúde confirmou, no dia25/07, duas mortes por febre oropouche no país. Segundo informou o órgão, até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença.  As mortes são de mulheres que viviam no interior da Bahia. Elas tinham menos de 30 anos de idade, sem comorbidades, e apresentaram sinais e sintomas semelhantes ao de dengue grave.

Diante desse cenário, o Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do seu Grupo Técnico em Doenças Tropicais e Negligenciadas, convoca os farmacêuticos de todo o país a redobrarem a atenção em relação aos sinais e sintomas da doença apresentados por pacientes que recorrem às farmácias. 

A febre oropouche é uma doença viral transmitida principalmente por mosquitos do gênero Culicoides paraensis (diferente do Aedes, transmissor da dengue e chikungunya). O vírus é endêmico em algumas regiões da América Latina, especialmente na Amazônia. A doença se manifesta com sintomas que podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dores no corpo e nas articulações e, em alguns casos, erupções cutâneas. “Os casos suspeitos devem ser encaminhados aos serviços de saúde”, orienta o coordenador do GT, José Luiz Vieira. 

No dia 11/07, o Ministério da Saúde emitiu nota técnica a todos os estados e municípios recomendando o reforço da vigilância em saúde sobre a possibilidade de transmissão vertical do vírus. A medida foi tomada após o Instituto Evandro Chagas detectar a presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal, e de anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos com microcefalia. No entanto, não há evidências científicas consistentes sobre a transmissão do vírus Orov da mãe infectada para o bebê durante a gestação e nem sobre o efeito da infecção sobre malformação de bebês ou aborto.

Sob investigação - O ministério também investiga uma morte em Santa Catarina e se quatro casos de interrupção de gestação e dois de microcefalia em bebês têm relação com a doença (Pernambuco, Bahia e Acre). Foi descartada relação da febre com uma morte no Maranhão. 

O coordenador do GT de Doenças Tropicais e Negiglenciadas do CFF, José Luiz Vieira, destaca a importância da Resolução CFF nº 747/2023, que regulamenta as atribuições dos farmacêuticos em relação às doenças tropicais e negligenciadas. A resolução estabelece que os farmacêuticos devem cooperar para a adoção de políticas públicas eficazes voltadas para a prevenção, controle e eliminação de agravos em saúde pública, conforme os princípios da saúde única. 

“Isso inclui contribuir com estratégias de vigilância em saúde, notificar casos detectados, participar da elaboração de propostas sobre gestão de risco e formulação de indicadores, além de colaborar com programas e estratégias de prevenção, controle e eliminação dessas doenças", explica o farmacêutico, destacando a importância do aprimoramento contínuo de conhecimentos técnicos e científicos. 

"O fortalecimento das capacidades profissionais é essencial para enfrentar os desafios impostos pelas doenças tropicais e negligenciadas, como a febre Oropouche, e para proteger a saúde da população brasileira. A excelência no desempenho das atividades dos farmacêuticos é fundamental para garantir a eficácia das ações de saúde pública", conclui.

Embora seja uma doença emergente, com potencial risco para a saúde pública, o país registrou, até o momento, 7.044 casos, sendo a maioria na região da Amazônia – onde é considerada endêmica. Foram detectados casos no Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins. Antes, eles ficavam restritos ao Norte do país. Desde 2023, foi ampliada a detecção de casos da doença no Brasil, por meio de testes de diagnóstico na rede pública em todas as regiões. 

Como se prevenir da febre Oropouche:

•⁠  ⁠Eliminação de criadouros: assim como no caso do vetor da dengue, o combate ao Culicoides paraensis se dá pela remoção de qualquer foco de água parada. Fique atento aos vasos de plantas, pneus velhos e outros locais que possam servir de local para reprodução do inseto;

•⁠  ⁠Repelentes: aplicar repelentes de insetos nas áreas expostas da pele e nas roupas pode reduzir o risco de picadas de mosquitos;

•⁠  ⁠Dentro de casa: a instalação de telas em portas e janelas, além de mosquiteiros em camas e redes de dormir pode impedir a entrada dos insetos;

•⁠  ⁠Atenção para os sintomas: se você mora em uma área endêmica para oropouche, fique atento a sintomas como febre, dor de cabeça e dores no corpo, e procure atendimento médico em caso de suspeita.