Adolescentes passaram mal após tomarem clonazepam dentro da escola
Todos os três adolescentes receberam atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Três adolescentes enfrentaram problemas de saúde após ingerirem um medicamento de tarja preta nas dependências da Escola Municipal Valter Alencar, localizada no bairro Vale Quem Tem, na Zona Leste de Teresina (PI), na terça-feira (28/11). Os três adolescentes foram prontamente atendidos e seu estado de saúde é estável. A Secretaria Municipal de Educação divulgou que uma equipe técnica encontra-se na escola, investigando o ocorrido.
Os adolescentes envolvidos têm 13, 14 e 15 anos. De acordo com a conselheira tutelar Renata Bezerra, o medicamento clonazepam foi trazido pelo jovem de 13 anos, que vinha utilizando o medicamento sob prescrição médica. No entanto, na companhia dos colegas mais velhos, o adolescente ingeriu uma quantidade superior à recomendada, resultando em reações como convulsões e rigidez muscular.
Todos os três adolescentes receberam atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os dois mais velhos foram atendidos e liberados para retornar às suas residências, enquanto o jovem de 13 anos necessitou de internação, sendo liberado na noite da mesma terça-feira.
Fátima Aragão, conselheira federal de Farmácia por Sergipe e coordenadora do GT de Farmácia Comunitária do CFF, explica que alprazolam, diazepam e clonazepam estão entre os medicamentos psiquiátricos mais comumente prescritos no mundo. “Esses medicamentos pertencem a uma classe de ansiolíticos chamada de benzodiazepínicos (BDZs) e devem ser utilizados com muita cautela, e orientação de profissional da saúde habilitado. No caso de crianças e adolescentes, o uso somente deve ocorrer sob a tutela dos responsáveis, pois o acesso facilitado pode levar a incidentes como o registrado na escola.”
A conselheira destaca que os BDZs atuam como calmantes e são utilizados para tratar distúrbios de ansiedade e insônia, entre outros transtornos e doenças e que geralmente são prescritos por pouco tempo. Nesse contexto, são considerados seguros e eficientes. “Porém, o uso fora da posologia, como o praticado pelos estudantes, pode levar a efeitos adversos graves, oversdose e até morte”, alerta.
O uso prolongado dos BDZs pode causar dependência química. O usuário pode desenvolver tolerância ao medicamento, o que leva à necessidade de doses cada vez mais altas para obter o mesmo efeito. “Muitos acham que o uso do clonazepam por longo prazo é inofensivo por não se tratar de uma droga de rua e ser prescrita por profissional habilitado, mas este uso prolongado pode ser muito perigoso”, orienta a farmacêutica.
Fátima Aragão destaca que, por causarem dependência, os BDZs são medicamentos de uso controlado, podendo ser dispensados apenas sob prescrição médica, em receituário azul e com retenção de receita. “O ato da dispensação deve ser registrado pelo farmacêutico e a suspensão do funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), não aboliu essas exigências”, alerta. “Os colegas devem ter cuidado redobrado, e é nosso papel não só verificar a regularidade legal e técnica da prescrição, como orientar o uso seguro do medicamento.”