Pitomba: farmacêutica utiliza a casca da fruta e desenvolve fórmulas anti-inflamatórias
Projeto baseado na biotecnologia sustentável e a baixo custo foi elaborado na Universidade de Fortaleza
Lixo que vira medicamento. É assim que os pesquisadores veem o trabalho desenvolvido pela farmacêutica cearense Valessa Rios, que resultou na criação de um gel e um sabonete líquido com propriedades anti-inflamatórias, ambos fabricados a partir do extrato da casca da pitomba (Talisia esculenta), fruto amplamente encontrado na região Nordeste do Brasil e apreciado na gastronomia tanto por seu valor nutritivo quanto por seu sabor.
Nas mãos dos farmacêuticos, o resíduo descartável foi transformado em medicamentos que podem oferecer benefícios para a saúde e para a economia da região. Isso foi possível por meio do projeto de conclusão de curso proposto pela farmacêutica e elaborado com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor). "De acordo com nossa pesquisa, a casca da pitomba possui saponinas, taninos e flavonoides. Esses compostos fazem com que os produtos desenvolvidos tenham efeito anti-inflamatório e cicatrizante. E são utilizadas as partes do fruto que normalmente são descartadas, incentivando o desenvolvimento de formulações na área de biotecnologia sustentável e a baixo custo", afirma Valessa Rios .
Além de ter dado origem a formulações inovadoras, a pesquisa propiciou o reaproveitamento sustentável. A farmacêutica explica que a busca por uma matéria prima regional com base no reaproveitando de recursos naturais, ao mesmo tempo que contribui para a redução de lixo orgânico também recua o preço dos produtos com efeito anti-inflamatório, tornando-os mais acessíveis à população.
Durante sua execução do estudo, foi conduzida uma série de testes abrangendo rendimentos, compostos fitoquímicos e parâmetros organolépticos. "A condução dessas análises esteve sob a orientação especializada da Dra. Arlandia Nobre, presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-CE), Dra. Regina Cláudia, Dra. Fabiana Pereira e do doutorando Erivan Oliveira", acrescenta a pesquisadora. Foram feitos testes organolepticos em temperatura ambiente (20-25•C) e geladeira (4 - 5•C), como aspecto visual, cor, odor. Foi analisado pH e viscosidade e a equipe aguarda os dados do estudo microbiológico para, posteriormente, dar seguimento aos projeto. As formulações não foram patenteadas e apenas a do sabonete está publicada.
Para o conselheiro federal de Farmácia pelo Ceará, Egberto Feitosa, o trabalho científico conduzido pela farmacêutica Valessa Rios é notável e inovador. "A utilização de partes do fruto da pitomba normalmente descartadas destaca o compromisso com a biotecnologia sustentável, além de proporcionar benefícios econômicos à região Nordeste e à nação brasileira. A pesquisa abrangeu testes criteriosos, evidenciando a seriedade do projeto, e a colaboração com especialistas reforça a credibilidade do estudo. Meus cumprimentos de parabéns à colega farmacêutica Dra. Valessa Rios e toda equipe por sua visão inovadora e pela impactante contribuição à ciência, à saúde pública e ao meio ambiente. Orgulho para nossa profissão!", destaca.