EaD é tema de debate em reunião do Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas
A assessora da presidência do CFF e coordenadora do FCFAS, Zilamar Costa, trouxe dados sobre o impacto negativo do ensino EAD nos cursos das áreas de saúde
Na manhã de terça-feira, 29/11, foi realizada a 90ª reunião ordinária do Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas. Entre os assuntos em pauta esteve o ensino a distância na graduação em saúde. Segundo Zilamar, nem todas as vagas do ensino a distância são preenchidas e os polos de educação a distância – criados para serem as extensões das universidades em outra cidade, estado ou até mesmo outro país – não são fiscalizados.
“Em nome da inclusão está havendo uma banalização do ensino a distância”, alertou, ressaltando que algumas instituições de ensino abrem polos em locais impróprios como garagens e padarias, e não dão suporte adequado ao aluno. “Os danos e riscos sociais são enormes e os efeitos disso serão piores daqui a cinco ou seis anos”, disparou Zilamar.
Levantamento feito Comissão de Educação Farmacêutica (CAEF), do CFF, a partir de dados do Sistema e-MEC aponta que, com a flexibilização da normatização promovida pelo MEC a partir de 2017, o número de vagas EaD na graduação em todos os cursos da saúde passou de 527,5 mil em 2017 para 1,7 milhão, em julho de 2021, ou seja, em quatro anos. A Farmácia é o 5º curso da saúde com maior número de vagas de EaD, com 205,2 mil. Esses e outros dados foram juntados na ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) de Goiás contra a União (Ministério da Educação-MEC), pela suspensão da autorização de cursos de graduação na área da saúde na modalidade de Ensino a Distância (EaD) em todo o País.
O assunto foi amplamente discutido pelos participantes. O consenso é de que essa é uma “tragédia anunciada”, e que o problema não afeta somente os cursos da área da saúde, mas reverbera em todas as outras profissões. Por causa disso, o chamado Conselhão deliberou pela criação de uma Comissão de Educação, que já teve parte de seus membros nomeada na reunião. O objetivo é atuar no sentido de lutar pela qualidade da formação em todas as 32 profissões regulamentadas, como já ocorre no FCFAS, com as profissões da área da saúde. A coordenadora do Fcfas foi convidada a compor a comissão.
O Fórum dos Conselhos também analisou a Carta de Brasília. O documento, inspirado na Carta de Gramado criada em 2003, foi desenvolvido pela Comissão de Marketing do Conselhão. A Carta apresenta os valores dos conselhos profissionais e destaca o papel do Fórum, que é defender a sociedade dos maus profissionais e fortalecer os conselhos profissionais das profissionais regulamentadas do país. A próxima reunião do Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas acontecerá em dezembro.