Casos de intoxicação medicamentosa ressaltam a importância da orientação do farmacêutico ao paciente

Estudo apresenta visão epidemiológica de intoxicações medicamentosas no Brasil

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A intoxicação medicamentosa consiste em uma série de manifestações clínicas produzidas quando um medicamento é administrado em doses acima das recomendadas. Pesquisa descritiva e quantitativa, de base populacional, conduzida por farmacêuticos, dá conta de que pelo menos 1.255.435 casos de intoxicação foram registrados no Brasil, entre 2012 e 2021. Destes, 596.086 casos de intoxicações foram provocados por medicamentos e o principal motivo relatado foi tentativa de suicídio, presente em 391.635 notificações, o que corresponde a 65,70% dos casos de intoxicações medicamentosas. 

A região Sudeste apresentou o maior número, com 49% dos casos, seguida da região Sul, com 21,80%, e Nordeste, com 18,71%. Em relação às circunstâncias, 10.927 notificações (1,83%) se deram devido a erros de administração O estudo foi realizado com dados secundários coletados no site do DataSUS, a partir do Sistema de Informações de Agravos e Notificações (SINAN). Do total de casos notificados, 81,11% evoluíram para a cura e foram registrados 1.233 óbitos. 

A maior parte das notificações foram definidas a partir de critérios clínicos (68,24%), enquanto apenas 3,35% foram confirmadas por critérios clínico-laboratoriais. Isso evidencia a baixa estrutura fornecida aos profissionais de saúde, que não podem lançar mão de exames e equipamentos para o manejo clínico adequado dos pacientes. 

De acordo com o artigo publicado, em dezembro, no International Journal of 
Advanced Engineering Research and Science (https://ijaers.com/detail/drug-products-intoxications-in-brazil-an-epidemiological-view-between-2012-and-2021/), a segunda causa mais prevalente de intoxicação medicamentosa foi relatada como de ordem acidental, o que reforça a necessidade de políticas públicas de educação em saúde e a importância da presença e da orientação farmacêutica. 

A farmacêutica Sâmia Andrade explica que esses dados reforçam a necessidade de educação em saúde voltada para o uso racional de medicamentos e ressalta a importância da atuação dos profissionais de saúde nesse processo. “Isso nos dá uma dimensão da enorme necessidade de nós, profissionais farmacêuticos, atuarmos na interface entre o paciente e o medicamento”. 

Sâmia Andrade

Além disso, o principal motivo associado à problemática da automedicação é a fácil aquisição de medicamentos no Brasil, como afirma o conselheiro federal de Farmácia pelo Piauí, Ítalo Rodrigues, que também participou da pesquisa. “O Brasil está no quinto lugar na lista mundial de consumo de medicamentos e em primeiro lugar na América Latina”. 

Ítalo Rodrigues

Também assinam o artigo, Maria Victória Macedo de Andrade, José Lopes Pereira Júnior, Larysse Fortes Farias, Juliana Carvalho Rocha Alves da Silva, Rodrigo Luís Taminato e Luís Marcelo Vieira Rosa.