Semaglutida em pauta

Quais são os riscos do uso indiscriminado e como age no corpo?

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Semaglutida é um análogo do peptídeo semelhante ao glucagon 1 humano (GLP-1) produzido em células de Saccharomyces cerevisiae por meio da tecnologia de DNA recombinante.

Há três medicamentos registrados no Brasil, com o fármaco semaglutida: Ozempic®, Rybelsus® e mais recentemente, o Wegovy®. O fabricante dos três medicamentos é a indústria Novo Nordisk.

Semaglutida age como um agonista do receptor de GLP-1 que se liga seletivamente e ativa o mesmo. O GLP-1 aumenta significantemente a secreção de insulina, diminui a secreção de glucagon, retarda o esvaziamento gástrico e diminui o apetite A ação na glicemia e os efeitos no apetite são especificamente mediados via receptores de GLP-1 no pâncreas e no cérebro. Semaglutida reduz a glicemia de forma glicose-dependente, estimulando a secreção de insulina e diminuindo a secreção de glucagon quando a glicemia está alta. O mecanismo de redução da glicemia também envolve um pequeno atraso no esvaziamento gástrico na fase pós-prandial precoce.

Durante a hipoglicemia, semaglutida diminui a secreção de insulina e não prejudica a secreção de glucagon.

Ozempic® (administração via subcutânea) e Rybelsus® (administração por via oral) possuem indicação terapêutica aprovada pela Anvisa e constando da bula apenas como adjuvante à dieta e exercícios físicos para melhorar o controle glicêmico em adultos com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). O uso de Ozempic® para emagrecimento é off label (não consta da bula).

Wegovy® teve registro aprovado pela Anvisa com indicação terapêutica constando da bula como adjuvante ao emagrecimento juntamente com a realização de dieta e a prática de exercícios físicos. O medicamento ainda não está sendo comercializado, pois o preço do mesmo está em definição pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) da Anvisa.

Todos estes medicamentos são sujeitos à prescrição médica. Importante que o paciente procure um endocrinologista para iniciar o seu tratamento.

Em março de 2013, estudo publicado na revista americana Diabetes relatou a ocorrência de formações celulares anormais, além de lesões pré-cancerosas, no pâncreas de oito pessoas que utilizavam esta classe de medicamentos. Desta forma, a agência regulatória americana (FDA) publicou alerta de segurança indicando possível associação entre o uso dos análogos de GLP-1 e o aumento do risco de pancreatite e neoplasia pancreática. Tanto a agência europeia de medicamentos (EMA) quanto a FDA reavaliaram os novos dados e concluíram que, embora existam limitações no referido estudo, o mecanismo de ação desses medicamentos e o desconhecimento desses efeitos a longo prazo, não permitem excluir essa associação.

Importante ressaltar que Wegovy® não é um medicamento milagroso para o tratamento da obesidade. É imprescindível que seja feita a reeducação alimentar e que se pratiquem atividades físicas, além de se levar em consideração os potenciais riscos em relação aos benefícios desta terapia. 

Nos EUA, Wegovy® tem o custo de US$ 1.300,00 por mês. Levando-se em consideração os preços de Ozempic® e Rybelsus® tabelados no mercado nacional, podemos antever que será mais um medicamento de elevado custo e não acessível à maioria da população.