Atuação no tratamento de prevenção ao HIV tem dado destaque aos farmacêuticos
Farmacêutica do SUS aponta caminhos para a implantação do serviço

Desde 2022, farmacêuticos de todo o Brasil estão autorizados pelo Ministério da Saúde a prescrever profilaxias pré e pós exposição ao HIV (Prep e PEP). Nos últimos anos, uma sequência de normativas, guias e ações de gestão abriram espaço para que esses profissionais prescrevam, acompanhem e coordenem o cuidado relacionado às profilaxias no Sistema Único de Saúde (SUS). E é neste cenário que Polyanna de Freitas Silva tem se destacado. "Nós, farmacêuticos, estamos ampliando o acesso a esses medicamentos e ajudando a combater o HIV no Brasil", afirma.
Graduada em Farmácia, especialista em Farmacologia Clínica e mestranda em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasília (UNB), a servidora da rede pública de saúde do Distrito Federal já atuou em todos os níveis de atenção. Atualmente, está lotada na atenção primária e cuida de pacientes que fazem uso de Prep e Pep na Unidade de Saúde 05 do Gama, que fica na Região Administrativa do DF. Com toda sua experiência no SUS, se interessou pela área e se aprofundou nas normas para implementar o serviço em sua unidade.
Para compartilhar experiências no atendimento a pacientes de Prep e PEP, Polyanna Silva foi convidada a fazer uma exposição ao plenário do Conselho Federal de Farmácia (CFF), onde foi recebida pelos conselheiros federais na reunião de setembro. Durante o encontro, ela apresentou pontos positivos e aqueles que considerou difíceis no processo. "A primeira coisa que fiz para implantar esse serviço foi procurar se tinha respaldo legal; verifiquei se o meu conselho de classe, o Ministério da Saúde e a minha secretaria de Saúde tinham documentos que me habilitavam legalmente a fazer a prescrição desses medicamentos", pontuou.
Na etapa seguinte, a profissional buscou apoio do gestor. "Sem o apoio da minha gestora, eu não conseguiria ganhar espaço e ter visibilidade dentro da unidade para poder exercer essa atividade. A aceitação da equipe multiprofissional também foi muito importante, pois é necessário que encaminhem os pacientes para o atendimento". Mais do que o apoio dos colegas, Polyanna encontrou reconhecimento. "Dentro da minha unidade, acabei sendo uma referência no conhecimento sobre Prep e PEP. Hoje, quando a equipe tem dúvidas, eles me procuram para debater o caso e dar resolutividade", afirma.
Além disso, Polyana lembra que um dos requisitos indispensáveis para a implantação e manutenção do serviço de cuidado farmacêutico a pacientes em uso de Prep e PEP é promover treinamentos e matriciamentos. "As informações são muito dinâmicas e precisamos constantemente de atualização. Esse serviço precisa ser ampliado, mas muitos colegas ainda tem receio sobre a prescrição farmacêutica nessa área. O CFF está lutando para que isso permaneça e, neste momento, nós podemos sim realizar a prescrição", reforça.
De acordo com a especialista, no DF, 10% das prescrições de PEP já são feitas por farmacêuticos, índice acima da média nacional, que é de 6%. Farmacêuticos capacitados para trabalhar neste serviço podem avaliar riscos, solicitar exames, prescrever e orientar o uso dos medicamentos; contribuir para agilizar o início do tratamento, reduzir filas e aumentar o acesso e adesão; realizar testes rápidos de ISTs e acompanhar o paciente em todo o ciclo da profilaxia.
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