Câncer de mama: diagnóstico precoce e tratamento

Como a Campanha Outubro Rosa pode ajudar no esclarecimento sobre a doença

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O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), ele só perde para o câncer de pele e soma mais de 66 mil novos casos por ano, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres. A doença gera um desenvolvimento anormal das células da mama, que multiplicam-se repetidamente até formarem um tumor maligno.

O mês de Outubro já é conhecido mundialmente por ser um período de ações relacionadas à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Chamado de Outubro Rosa, esse mês de campanha é promovido anualmente, desde os anos 90, e tem como objetivo o compartilhamento de informações sobre o câncer de mama e, ainda, sobre o câncer do colo do útero. Conscientizar a sociedade e proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico é uma forma de contribuir para a redução da mortalidade atribuída à doença.

O sintoma do câncer de mama mais fácil de ser percebido pela mulher é um caroço no seio, acompanhado ou não de dor. A pele da mama pode ficar parecida com uma casca de laranja; também podem aparecer pequenos caroços embaixo do braço. E uma das premissas mais importantes sobre a doença é que quanto maior a agilidade no diagnóstico e no tratamento, maiores são as chances de cura.


Diagnóstico
 
Apesar de nem todo caroço ser um câncer de mama, é importante consultar sempre um profissional da saúde. A partir dos 40 anos de idade, toda mulher deve procurar um ambulatório, centro ou posto de saúde para realizar o exame clínico das mamas, anualmente. Além disso, toda mulher com idade entre 50 e 69 anos deve fazer pelo menos uma mamografia a cada dois anos. Mesmo que não apresente sintomas, o serviço de saúde deve ser procurado!

Independente da idade, a rapidez do diagnóstico é essencial para o tratamento da doença. A farmacêutica Gilcilene El Chaer, por exemplo, recebeu o diagnóstico aos 30 anos, quando estava grávida de seu terceiro filho. "Em janeiro de 2005, notei um espessamento na mama direita, não era um nódulo, mas uma área mais endurecida. Quando eu suspeitei, estava grávida de 2 meses. Procurei o médico, que atribuiu o espessamento à gestação. Depois que completei 32 semanas de gestação, decidi investigar. O diagnóstico foi feito e tive que antecipar o parto. O Miguel nasceu com 34 semanas, para que eu pudesse fazer o tratamento".

Dra. Gil El Chaer, farmacêutica e sobrevivente ao câncer de mama

Como farmacêutica e citologista, a Dra. Gilcilene admite que tinha a dimensão do que essa doença representa e, sabendo que deveria ter um tratamento rápido e de excelência, não perdeu tempo. "Infelizmente, no Brasil, morrem 16 mil mulheres de câncer de mama, anualmente, porque não têm acesso ao diagnóstico e/ou ficam meses esperando uma cirurgia e um tratamento", lamenta.

O exame clínico das mamas pode ser realizado por médico ou enfermeiro treinado para essa atividade ou até mesmo pela própria paciente, sem substituir o exame clínico. Neste exame podem ser identificadas alterações nos seios e, se for necessário, deve-se fazer um exame mais específico, como a mamografia, que consiste em um raio-X da mama e permite descobrir o câncer quando o tumor ainda é bem pequeno.


Tratamento

Após realizar alguns exames, ficou constatado que o câncer de Gilcilene estava localmente avançado: foi identificado o nódulo na mama e haviam quatro linfonodos axilares com metástase e dois com micrometástase. O tratamento foi cirurgia radical, com esvaziamento axilar, além da quimioterapia (8 ciclos), radioterapia (30 seções) e imunoterapia. "Eu fui a primeira paciente a usar um anticorpo monoclonal (herceptin) na adjuvância do tratamento". A farmacêutica explica que esse anticorpo, o Herceptin, é utilizado em alguns casos de câncer de mama HER2-positivo (não hormonal) após cirurgia, quimioterapia (neoadjuvante ou adjuvante) e radioterapia. "Esse tratamento, atualmente, é disponibilizado no SUS, mas foi uma conquista demorada. Esse anticorpo é fundamental no tratamento e cura de pacientes com esse tipo de tumor. Acredito que esse tratamento foi essencial para a minha cura", afirma.

E foi sobre a função do receptor HER2 (proteína associada à progressão e evolução desfavorável do câncer de mama) que foi apresentado um estudo durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) 2022, realizado em junho (ver estudo). A pesquisa muda a interpretação de que somente as mulheres com alto índice de HER2 na célula tumoral poderiam receber tratamentos com drogas-alvo anti-HER2. Mostra, ainda, que as mulheres com expressão fraca deste receptor, com tumores denominados HER2-low, podem se beneficiar da terapia-alvo. Outras informações sobre as novidades no tratamento do câncer de mama, veja em matéria do Portal Terra. 

Campanha

A revista científica Public Health in Practice publicou um estudo com referência à campanha do Outubro Rosa no Brasil. A conclusão é que ela é responsável por aumentar em até 40% as mamografias realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Foram analisados dados de janeiro de 2017 a dezembro de 2021, e os índices apontam uma alta de 33% em outubro, 39% em novembro e 22% em dezembro, por conta da campanha.

"O sucesso do tratamento depende da intervenção precoce. Por isso, o tempo é fundamental para a cura e completo restabelecimento da paciente. Uma ajuda psicológica também é muito importante para que a mulher se sinta mais forte, protegida e consiga enfrentar esse tratamento que é muito difícil", conclui Gilcilene El Chaer.

Ter uma alimentação saudável e equilibrada (com frutas, legumes e verduras), praticar atividades físicas (qualquer atividade que movimente seu corpo) e não fumar são algumas dicas que podem ajudar na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer.