Saiba mais sobre o emprego do ozônio em tratamentos de saúde
Ozonioterapia é uma técnica segura e regulamentada em diversos países: CFF e outros conselhos de classe reconhecem a prática no Brasil
Diferente do que está sendo divulgado em alguns veículos de comunicação, a aplicação do ozônio medicinal como terapia, tanto na área da saúde quanto na área estética, possui evidências científicas e comprovação clinica. É uma prática utilizada e regulamentada em vários países como Alemanha, Itália, Áustria, Estados Unidos, Cuba, Grécia, Portugal entre outros. Estudos dessa técnica medicinal comprovam inúmeros benefícios para diversas condições clínicas, sendo considerado um tratamento seguro e eficiente, com mínima taxa de efeitos colaterais e contraindicações.
O respaldo científico é imenso ao longo de mais de 100 anos, corroborado por centenas de publicações científicas. A primeira publicação a respeito do tema ocorreu em 1917, no periódico The Lancet. De lá para cá, um número crescente de evidências vêm demonstrando sua efetividade. Na Alemanha, em 1981, a Sociedade Médica Alemã para Ozonioterapia publicou estudos sobre sua segurança da técnica em um levantamento demonstrando que o risco é de 0,000007%, ou seja, menor que uma aspirina.
Em toda a Europa, mais de 15 mil médicos aplicam a técnica e existem mais de 1500 médicos atuantes, e o governo da Itália alcança taxas de recuperação de até 95% em enfermidades como hérnia de disco. É por esta característica universal que a ozonioterapia se destaca: é recomendada, principalmente, como tratamento complementar, a fim de garantir resultados mais rápidos e efetivos e seguros, impactando positivamente sobre o bem-estar dos pacientes.
O marco para ozonioterapia no Brasil ocorreu com a publicação da Portaria n° 702, de 21 de março de 2018, do Ministério da Saúde, na qual inclui novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC, no âmbito do SUS, sendo a ozonioterapia uma dessas práticas, podendo ser aplicada por qualquer profissional da área de saúde, dentro da sua área de atuação.
A ozonioterapia pode ser indicada para o tratamento complementar de doenças circulatórias e cardiovasculares, doenças relacionadas à idade, doenças causadas por vírus como herpes e hepatites, ferimentos infectados e de cicatrização difícil, como úlceras nas pernas por problemas de circulação, úlceras diabéticas e risco de gangrena, queimaduras, inflamações intestinais crônicas, como colite, dores lombares, protrusão discal e hérnia de disco, dores articulares em decorrência de doenças inflamatórias crônicas, aumento da imunidade geral do organismo, tratamento complementar para vários tipos de câncer, calvície e até micoses.
A farmacêutica e especialista em ozonioterapia Dra. Cássia Corrêa é coordenadora do Grupo de Trabalho sobre o tema no Conselho Federal de Farmácia (CFF). Ela acredita que existe um movimento contra esse tipo de utilização o ozônio por se tratar de uma técnica simples e barata. "Vários estudos científicos já destacam o princípio da hormese dentro da ozonioterapia. O que seria isso? Seria uma oxidação, o ozônio é um oxidante, que induz uma oxidação leve e transitório no organismo e o organismo responde a essa oxidação produzindo mais antioxidante. A ozonioterapia consegue ativar o nosso sistema glutationa, que são os sistemas antioxidante endógeno", explica.
Um ponto importante levantado pela farmacêutica é que a terapia com ozônio deve ser trabalhada junto com a medicina, pois age para preparar o "terreno biológico", deixando o paciente mais resistente para combater determinada doença. "Ela ajuda os medicamentos e o médico a obter resultados melhores nos tratamentos. É uma terapia integrativa e complementar".
Outra integrante do Grupo de Trabalho do CFF, Dra. Letícia Philippi, acredita que um dos maiores desafios neste cenário de múltiplas indicações é que os profissionais da saúde entendam a importância do estresse oxidativo na gênese (causa) e consequência no desenvolvimento de doenças e sua relação com a inflamação. "Conceitos mais atuais como o papel do NRF-2 (fator nuclear eritroide 2) em condições clínicas aparentemente díspares explicam a amplitude da técnica, pois esta proteína é considerada o regulador mestre da resposta antioxidante do organismo, sendo um mecanismo de importância crítica para a manutenção da homeostase e sobrevivência celular. Ao interagir com outras vias metabólicas, o NRF-2 possui importante papel na regulação do metabolismo, atuando no metabolismo dos lipídios, manutenção da glicemia, resposta inflamatória, entre outros", detalha.
Para farmacêuticos, a atividade de ozonioterapia foi incluída como uma atribuição em 2020 por meio da Resolução nº 685, do CFF, e atualizada em 2021 pela Resolução CFF nº 695.