Perito criminal federal: farmacêutico voltará a presidir a associação de classe

Marcos Camargo, que liderou a instituição em outros três mandatos, também já atuou em investigação e detalha como iniciou a carreira

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O farmacêutico e perito criminal federal Marcos de Almeida Camargo foi eleito presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) para o biênio 2025/2026, com 86% dos votos válidos. O pleito foi realizado de forma eletrônica no dia 14 de novembro e contou com a participação de 59% (682) dos 1.158 associados habilitados. A chapa de Camargo, “Integridade, Compromisso e Modernização”, obteve o apoio de 583 votantes. 

Graduado em Farmácia pela Universidade Federal do Paraná, Marcos Camargo exerce atualmente a função de perito criminal federal (PCF) do Departamento de Polícia Federal, lotado no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília. Foi presidente da APCF em três mandatos (2017/2018, 2019/2020 e 2021/2022) e voltará a liderar a instituição no próximo ano. Antes de encarar a missão de dirigente de classe pela primeira vez, se beneficiou da experiência adquirida no curso de Farmácia, com ênfase em Ciências Forenses, para trabalhar na resolução de crimes. 

"Os peritos usam o conhecimento científico de várias áreas para produzir as provas científicas que vão buscar identificar a materialidade (houve ou não um crime), a dinâmica (como o crime ocorreu) e a autoria (quem cometeu o crime). A graduação em farmácia é uma dessas áreas que contribuem para o trabalho pericial, operando nos ramos da genética forense (identificação com base no DNA), toxicologia forense (identificação de substâncias em material biológico) e química forense (identificação de substâncias em diferentes matrizes)", explica.

De acordo com Marcos Camargo, na área de laboratório de química forense, onde atuou por muitos anos, a rotina envolve o recebimento de materiais suspeitos e das amostras coletadas. "São feitas várias análises para identificação da composição. Essa é a principal rotina. Mas os peritos também podem atuar externamente, em locais de crime, em operações policiais específicas, podem atuar no exterior, além de assumir cargos em áreas administrativas, operacionais, em outros ministérios e poderes da União, além, como no meu caso, em entidades de classe", detalha.

O trabalho de um perito criminal, pensando na atividade finalística, é analisar cientificamente vestígios de um possível crime, produzindo, a partir dessas análises,  um relatório chamado de laudo pericial. Este documento é anexado ao processo e auxilia o juiz no julgamento. Pela necessidade de convergir dados com base e fatos científicos, este trabalho deve ser isento, imparcial e equidistante das partes e a prova científica é essencial e considerada imprescindível no processo criminal. A ausência desse tipo de evidência pode até levar à nulidade processual. 

Carreira de perito criminal

Concursado desde 1998, o especialista diz que, naquela época, trilhou um caminho ainda muito novo para atuar na área porque não havia muita informação disponível sobre concursos. As escolas preparatórias, mentorias, especializações em áreas forenses não eram populares como hoje em dia. "O estudo e a preparação era muito individual. Eu praticamente saí da faculdade em um dia e no outro estava na perícia criminal federal. Hoje, com mais informação, com mais divulgação e com a maior popularização de concursos, já é possível fazer especializações próprias na área forense", esclarece. 

Contudo, Marcos afirma que se debruçar nos livros e estudar muito ainda é o principal método para conseguir ingressar nessa carreira, assim como ter vivência profissional.  "Como o ingresso é exclusivamente por meio de concurso público, não tem outra forma que não buscar o melhor preparo.Ter um mestrado ou doutorado em áreas que são utilizadas na perícia, por exemplo em química analítica, química orgânica, biologia molecular, ajuda muito, até porque, hoje, também temos as provas de títulos nos concursos ", recomenda. 

Analisando a carreira, o profissional acredita ser uma ótima opção para os farmacêuticos."É um trabalho dinâmico, que pode oferecer muitas experiências enriquecedoras". Ele evidencia que, além da policia federal, existe a perícia estadual em vários estados. Na maior parte, já com uma ótima estrutura de trabalho, o que amplia o leque de opções para os que pretendem seguir nessa área. 

Liderança

Questionado sobre os mandatos anteriores à frente da Associação, Marcos Camargo lembra que foi um período muito intenso, muito produtivo e que representou uma grande realização profissional. "Foi uma experiência sem igual. Somos uma categoria muito engajada, ativa e participativa. Temos muitas pautas, buscamos também colaborar com a sociedade nos temas da segurança pública e isso faz com que tenhamos uma visão de entidade capaz de formar opinião". Como dirigente, ele garante que a APCF apresenta uma demanda constante e intensa, abrangendo vários setores, com enorme participação. 

Segundo ele, para a próxima gestão, a expectativa é a melhor possível. "Os dois anos afastado desse cargo de presidente me levou a fazer novas reflexões e analisar com tranquilidade os 6 anos que estive à frente da APCF. Então, sinto que estou ainda mais maduro para a função, com novas ideias e revigorado. Temos muitas pautas importantes para tratar e isso gera uma grande motivação também", finaliza.

Foto: Marcos Camargo/ABFC