GT Nacional da Mulher do CFF propõe ações conjuntas ao Ministério das Mulheres

Campanhas contra a violência, workshops e prêmios de incentivo à participação das farmacêuticas na pesquisa científica foram algumas das ações sugeridas

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O Grupo Técnico de Trabalho Nacional da Mulher do Conselho Federal de Farmácia (CFF) reuniu-se, na manhã desta segunda-feira (22/05), com a ministra de Estado das Mulheres, Cida Gonçalves, em Brasília. A aproximação entre as duas entidades teve como ponto inicial a proposição de ações conjuntas que possam minimizar os problemas enfrentados pelas mulheres farmacêuticas e pela população feminina em geral - que tem as farmácias como os estabelecimentos de saúde mais acessíveis. Campanhas contra a violência, workshops em conjunto e prêmios de incentivo à participação das farmacêuticas na pesquisa científica foram algumas das ações sugeridas pelas conselheiras federais e pelas representantes do Ministério das Mulheres.

A vice-presidente do CFF, Lenira da Silva Costa, iniciou a reunião contextualizando que a violência contra a mulher foi uma pauta muito trabalhada pelo conselho nos últimos anos, sobretudo por meio da campanha Sinal Vermelho, junto ao Ministério da Justiça, que ensejou na criação do GT Nacional da Mulher, em 2021. Lenira citou que, este ano, no dia 8 de março, foi iniciada a campanha Não Se Cale, de combate à violência e assédio contra a mulher, que atinge 23% das farmacêuticas nos locais de trabalho. “Somente este ano, foram quatro feminicídios de farmacêuticas, algumas proprietárias de suas farmácias, nos estados de Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A conselheira federal pelo Mato Grosso do Sul, Márcia Saldanha, apresentou a estrutura do GT, que é dividido em quatro eixos: Política; Saúde da Mulher; Empreendedorismo; e Violência contra a Mulher. “Nós tentamos identificar como está o trabalho dessas mulheres farmacêuticas, temos que ter um olhar especial para este público, para termos uma profissão forte, já que a grande maioria é mulher. E vocês sabem bem que no mercado de trabalho, nós não temos as mesmas oportunidades, os mesmos salários, sabemos que a mulher tem uma carga maior com os filhos e sofre mais com síndrome de Burnout (pelo excesso de trabalho), sofre mais assédio. Então, nós estamos pensando em como a gente pode melhorar isso e, por isso, estamos aqui para mostrar o nosso trabalho e verificar como podemos avançar juntos”.

Gilcilene El Chaer, conselheira federal pelo Distrito Federal, comentou que a profissão farmacêutica é composta por mais de 260 mil profissionais e, destes, 70% são mulheres. “Então, a nossa profissão é dominada pelas mulheres. Olhando as pesquisas feitas no Brasil, por farmacêuticas pesquisadoras, vimos que o número de participação feminina ainda é muito pequeno. Acho que a gente pode pensar num prêmio como incentivo à participação da mulher farmacêutica na pesquisa. A nossa ideia, para desenvolvermos juntos com vocês, é fazer uma premiação conjunta entre o Conselho e o Ministério, para incentivar a participação dessas mulheres na ciência”.

Sobre esse incentivo à participação das farmacêuticas na pesquisa científica, a ministra propôs a realização de parcerias com os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Saúde. Cida Gonçalvez comentou a possibilidade de realização de reuniões mais prolongadas do GT com as áreas finalísticas do Ministério das Mulheres, para se pensar em como viabilizar essas ações conjuntas. “Por outro lado, ao mesmo tempo, talvez possamos fazer um workshop que envolva o CFF, o Ministério das Mulheres, da Ciência e Tecnologia e da Saúde, para debatermos a realidade das mulheres farmacêuticas e pensarmos nas possibilidades de ações que a gente possa ter em conjunto”.

De acordo com Cida Gonçalvez, com a participação dos outros ministérios, as ações ganham mais força, por envolver temas afetos a essas outras pastas. Sobre a violência contra a mulher, por exemplo, a ministra chamou atenção para a necessidade de se criar uma boa rede de encaminhamento das denúncias. “Se você não tem uma patrulha Maria da Penha, se não tem uma rede de atendimento bem estabelecida, o trabalho fica muito focado na pessoa da farmácia. Muitas vezes, quando o caso chega na delegacia, a polícia não dá os encaminhamentos necessários. Precisamos pensar numa estratégia que não seja insegura para os profissionais que estão nas farmácias, nem para as próprias mulheres que vão lá em busca de ajuda”.

Nesse sentido, a conselheira por Santa Catarina, Hortência Tierling, salientou que os estabelecimentos farmacêuticos que ajudam as mulheres vítimas de violência, precisam ter segurança para não sofrerem retaliações por parte dos agressores. “É importante garantirmos segurança aos envolvidos já que estão realizando um trabalho voluntário de ajuda às mulheres vítimas de violência”.

A ministra reforçou que a farmácia é um local importante, onde muitas mulheres vão para comprar medicamentos e itens de higiene feminina, mas alertou que numa campanha em âmbito nacional, envolvendo todas as farmácias, os farmacêuticos e os outros profissionais que atuam nas farmácias, precisam saber a quem recorrer. “Eles precisam ter um contato bem estabelecido para realizar a denúncia. A segurança passa também por esses elementos. Porque se o agressor sabe que existe uma rede forte de atendimento após a denúncia, ele não vai se meter (em retaliação) com o pessoal da farmácia”.

Além da ministra, participaram da reunião, a chefe de gabinete do Ministério das Mulheres, Ana Teresa Samarino, a assessora Taís Cerqueira Silva; e as conselheiras federais de Farmácia, Ernestina Rocha de Sousa e Silva (GO); Gilcilene Maria dos Santos El Chaer (DF); Hortência Salett Muller Tierling (SC); Isabela de Oliveira Sobrinho (AC); Lenira da Silva Costa (RN); Márcia Regina Cardeal Gutierrez Saldanha (MS); e Marttha de Aguiar Franco Ramos (TO).