Brasil enfrenta nova onda de transmissão do sarampo

Erradicado no Brasil em 2016, o sarampo voltou a contaminar as pessoas devido à baixa cobertura vacinal contra a doença

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Erradicado no Brasil em 2016, o sarampo voltou a contaminar as pessoas devido à baixa cobertura vacinal contra a doença. Estados do Pará, Rio de Janeiro e São Paulo concentram o maior número de casos. Sete farmacêuticos realizaram uma “Análise das semanas epidemiológicas 1 a 32 dos casos de sarampo no Brasil em 2020”. O artigo sobre este trabalho foi publicado no portal científico Research, SocietyDevelopment, em 31 de março.

No período do estudo, foram notificados 15.335 casos suspeitos de sarampo no país. Desses, 7.718 foram confirmados. Com a baixa cobertura vacinal nos últimos anos, em 2019, o Brasil perdeu a certificação de erradicação da doença emitida pela Organização Panamericana da Saúde (OPAS/OMS) e o Ministério da Saúde (MS) entrou em alerta, lançando uma campanha nas mídias sociais pela vacinação contra o sarampo.

A primeira etapa da Campanha de Vacinação contra a Influenza e Sarampo do MS acontece entre os dias 4 e 30 de abril, quando os mais de 45 mil pontos de vacinação espalhados por todo o Brasil receberão o primeiro público-alvo: idosos acima de 60 anos e trabalhadores de saúde, como os farmacêuticos.

 

Os farmacêuticos Evaldo Hipólito de Oliveira e Sâmia Andrade, autores do artigo

 

A farmacêutica Sâmia Andrade, uma das autoras do estudo, alerta que o sarampo é altamente contagioso e preocupa, sobretudo, porque, durante a pandemia da Covid-19, houve um aumento do movimento antivacina. “A vacina Tríplice Viral é a única forma de controle desta doença viral infectocontagiosa que provoca febre, tosse seca, coriza, irritação nos olhos, manchas vermelhas na pele e mal estar intenso, podendo evoluir para a cura ou para complicações que podem levar o paciente a óbito”.

O farmacêutico Dr. Evaldo Hipólito de Oliveira (UFPI), também autor do estudo, explica que a transmissão do sarampo ocorre pela disseminação de gotículas pelas vias aéreas ao falar, tossir, espirrar ou respirar. “A pessoa acometida pelo sarampo pode transmitir o vírus por até 10 dias, sendo seis dias antes do aparecimento de lesões na pele e quatro dias depois do início desses sintomas”.

O estado com a maior incidência do sarampo foi o Pará, com 5.024 casos confirmados, o que corresponde a 65% do total. Em seguida vem o Rio de Janeiro, com 1.299 casos (16%) e São Paulo, com 772 casos (10%). A alta reincidência do surto na Região Norte pode ser devido ao aumento da imigração, a partir de 2018, de venezuelanos, uma vez que o país vizinho enfrenta um surto da doença desde 2017.

As vítimas mais frequentes da doença são jovens com idade entre 20 a 29 anos, com 2.407 casos confirmados (31,2%), seguidos dos jovens de 15 a 19 anos, com 1.483 casos (19,2%) e crianças com menos de 1 ano de idade, com 1.178 casos confirmados (15,3%) no período analisado.

Também assinam o estudo, os farmacêuticos José Lopes Pereira Júnior (UFPI), Luís Marcelo Vieira Rosa (UFM), Juliana Carvalho Rocha Alves da Silva (UnB), Vanessa Gomes Amaral Almeida (CESMAC) e Rodrigo Luís Traminato (UFG).