Farmacêutico desenvolve bloqueador solar de óleo de linhaça
Formulação cosmética de nanoemulsão, elaborada na UFRN, reduz danos causados pela radiação solar
A radiação ultravioleta (UV) é a principal causadora de danos à pele humana. Efeitos como envelhecimento precoce, perda da elasticidade da pele, queimaduras solares e até predisposição ao câncer de pele podem ser causados pela radiação UV. Para reduzir esses e outros danos, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) criaram uma formulação cosmética que também possui atividade antioxidante e cicatrizante. Um dos autores envolvidos na pesquisa é o farmacêutico Júlio Abreu Miranda. Ele conta que a invenção abrange a composição e o método de obtenção de uma nanoemulsão, cuja base é o óleo de linhaça - semente rica em Ômega 3.
De acordo com informações da Agência de Inovações da universidade (AGIR/UFRN), o óleo possui compostos que garantem propriedades bioativas à formulação. “A rigor, a invenção possui finalidades cosméticas para a proteção, reparação tecidual e mantenimento das características saudáveis da pele frente a exposição solar. Para isso, conta com ativos fotoprotetores como filtros UV e óleo de linhaça que, além de atribuir propriedades antioxidante e cicatrizante à formulação, poderá atuar em sinergismo com os filtros UV, tornando possível uma menor quantidade de filtros para que se obtenha a proteção desejada”, pontuou o farmacêutico.
Como os protetores solares existentes no mercado não são indicados como a única fonte de prevenção contra os danos causados pela exposição solar, as nanoemulsões surgem como uma promissora opção de interesse no campo de estudo do desenvolvimento de novas formulações com atividade fotoprotetora. Por serem formadas por gotículas, ou seja, gotas extremamente pequenas, as nanoemulsões têm características potencializadas, como a estabilidade cinética na formulação, que a distingue das “emulsões grosseiras”.
Além disso, o tamanho reduzido da fase dispersa permite uma maior área de superfície de contato com a pele, podendo assim, aprimorar a ação fotoprotetora dos filtros UV veiculados, minimizando mais ainda os danos causados pela radiação. A situação propicia uma menor quantidade de filtros nas formulações para atingir o efeito desejado, o que, por si só, acaba tendo impacto direto no custo do produto, tornando-o mais acessível ao consumidor e aumentando a possibilidade de aquisição.
O produto está sendo patenteado sob a denominação de “Nanoemulsão cosmética fotoprotetora, antioxidante e cicatrizante à base de óleo de linhaça (Linum usitatissimum l.) e seu processo de obtenção”. Júlio Miranda afirma que o processo de patenteamento é de extrema importância por promover, dentre outras coisas, uma aproximação maior entre a Universidade e a Indústria, “o que acaba por facilitar a transformação do protótipo produzido em bancada laboratorial em um produto final em escala industrial, resolvendo problemas que existiam na sociedade”, salientou.