Farmacêutica desenvolve quebra-cabeça sobre uso racional de medicamentos na saúde mental em SC

O jogo também reforçou a importância do autocuidado como complemento ao tratamento formal e como promotor da saúde mental

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Na cidade de Criciúma, em Santa Catarina, a farmacêutica clínica e oncológica Júlia Vasconcelos desenvolveu um trabalho junto ao Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS-III) daquele município com o objetivo de disseminar informações e conhecimentos sobre saúde mental aos pacientes atendidos pela unidade de saúde. Em maio de 2022, a farmacêutica desenvolveu um jogo de quebra-cabeça, em tamanho real, para 40 pessoas que se revezavam em diferentes grupos de pacientes. O jogo é composto por uma peça central intitulada "Uso Racional de Medicamentos", que se conecta a outras peças, cada uma com uma explicação específica sobre o tema. 

Júlia explica que optou por uma peça grande para atrair a atenção de um público mais abrangente e poder promover uma interação coletiva com troca de dúvidas e de aprendizados entre instrutores e participantes da atividade. “A essência por trás deste jogo era abordar uma temática crucial de maneira lúdica e envolvente, atraindo a atenção e o engajamento dos participantes. Utilizamos cores e imagens intuitivas para garantir compreensão fácil e rápida”, detalhou a profissional que tem especialização em Saúde Mental.

Na dinâmica, os participantes escolhiam uma peça para encaixar e cada peça trazia consigo uma explicação elucidativa. Oito peças se encaixam perfeitamente na peça central, sendo elas: "Seguir a prescrição", "Horário correto", "Manter consultas regulares", "Descarte e armazenamento apropriados", "Administrar com água", "Comprometimento com o tratamento", "Orientação farmacêutica" e "Prática do autocuidado". Ao escolher uma peça, os participantes eram conduzidos a compreender a relevância dessa prática no contexto do Uso Racional de Medicamentos, com exemplos concretos.

Aspectos como o seguimento correto da prescrição e a frequência nas consultas foram destacados como formas de uso responsável, pois permitem monitorar a evolução do tratamento e intervir quando necessário. A importância de cumprir horários e ingerir medicamentos com água foi abordada devido aos efeitos e ações específicas de certos fármacos utilizados pelos usuários. O correto descarte e armazenamento também foram realçados para garantir a segurança e eficácia dos medicamentos. 

 

A farmacêutica clínica e oncológica Júlia Vasconcelos

 

De acordo com Júlia Vasconcelos, a adesão ao tratamento foi ressaltada como crucial para uma melhor qualidade de vida e estabilidade mental dos pacientes. “A orientação farmacêutica preencheu as lacunas de conhecimento frequentemente deixadas pela prescrição médica. E o autocuidado emergiu como um elemento indispensável, contribuindo para uma saúde mental mais robusta em conjunto com o tratamento”, afirmou.

Paralelamente, cinco peças foram projetadas para não se encaixar, abordando práticas inadequadas: "Automedicação", "Consumo de medicamentos com álcool", "Uso de medicamentos vencidos", "Vizinhoterapia" e "Falta de aderência ao tratamento". “Essas peças ressaltam os riscos de interações medicamentosas perigosas, o impacto negativo de ingerir medicamentos expirados e a incompatibilidade do álcool com muitos medicamentos. Além disso, elas enfatizam a importância de seguir rigorosamente o plano terapêutico acordado”, complementou a farmacêutica.

Ao final do jogo, todas as peças se encaixavam, proporcionando um entendimento claro e abrangente dos tópicos discutidos e resolvendo as dúvidas individuais de cada participante. Para Júlia Vasconcelos, a dinâmica com o quebra-cabeças esclareceu dúvidas e introduziu práticas desconhecidas relacionadas ao uso racional de medicamentos. Estabeleceu a importância de seguir prescrições com precisão, aderir ao tratamento e compreender os benefícios dos medicamentos utilizados de maneira adequada para a saúde. 

Por outro lado, na avaliação de Júlia, os participantes reconheceram os perigos da automedicação e compartilharam experiências sobre a perigosa "vizinhoterapia", que é seguir orientações de pessoas próximas. A conscientização sobre o armazenamento e descarte correto dos medicamentos também foi destacada na atividade, elucidando benefícios e riscos associados a essas práticas. “A observação da prevalência da automedicação entre os participantes revelou a necessidade de educação contínua sobre URM e estratégias alternativas para abordar problemas de saúde”, apontou a profissional. 

O sucesso e impacto do jogo não passaram despercebidos, o quebra-cabeça obteve o honroso terceiro lugar no Prêmio Nacional de Incentivo à Promoção do Uso Racional de Medicamentos “Lenita Wannmacher”, do Ministério da Saúde. Nas palavras de Júlia Vasconcelos, “essa conquista ressalta o compromisso incansável em promover informações valiosas e conscientização sobre o URM, enquanto proporcionamos uma abordagem lúdica e envolvente para a aprendizagem. O reconhecimento dessa iniciativa reforça o comprometimento com a promoção da saúde e do bem-estar por meio do conhecimento”.