Estudo expõe hospitalizações e mortes causadas pela Herpes no Brasil
Grupo de farmacêuticos pesquisadores se debruçou sobre os casos de internações hospitalares e óbitos associados à infecção pelo Vírus Herpes Simples (HSV)
Em meados de fevereiro, a Herpes foi um dos assuntos mais comentados no Twitter. Isso porque a doença se manifestou em um dos participantes do programa Big Brother Brasil (BBB 22), Eliezer, durante o confinamento na casa juntamente com outros competidores. A produção chegou a adotar medidas para evitar o contágio da doença entre os participantes. Mas, o que é a Herpes? Que tipo de impactos ela pode causar à saúde pública? Um grupo de farmacêuticos pesquisadores se debruçou sobre os casos de internações hospitalares e óbitos associados à infecção pelo Vírus Herpes Simples (HSV).
E, entre os achados, eles descobriram que, no Brasil, entre 2012 e 2021, foram reportadas 13.417 internações por herpes simples. A infecção é permanente, ou seja, pode ser reativada ao longo da vida com o surgimento de lesões nas regiões dos lábios e no rosto. A principal forma de transmissão é pelo contato boca a boca e órgãos genitais.
Os resultados foram publicados no periódico científico Research, SocietyDevelopment, dia 27 de março. Entre os autores, estão o diretor secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Gustavo Pires, o conselheiro federal de Farmácia pelo Piauí, Ítalo Rodrigues, e a farmacêutica Sâmia Andrade. “Fizemos um estudo descritivo, retrospectivo e transversal, com base na 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e buscamos informações junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, o Datasus”, explicou Sâmia.
Da esquerda para direita: os farmacêuticos Gustavo Pires, Ítalo Rodrigues
e Sâmia Andrade, autores do estudo
Gustavo Pires, que representa os farmacêuticos do Estado do Paraná junto ao CFF, disse que ficou surpreso ao constatar que a região Sudeste demonstrou o maior número das internações, com 5.077 casos, número que apresentou uma redução a partir de 2017. “Identificamos que a maior quantidade de internações ocorreu em São Paulo, com maior prevalência entre as mulheres. Isso não é só curioso como é muito relevante, pois essas evidências podem servir de base para a formulação de políticas públicas voltadas para a prevenção dessa infecção”, apontou o conselheiro federal.
A região Nordeste também teve destaque com o aumento do número de internações após o ano de 2020, com um aumento importante no número de mortes. “Esses dados nos revelaram a necessidade de adotar medidas eficientes de tratamento e controle da infecção em nossa região. Medidas de prevenção, tratamento e diagnóstico precoce podem evitar a progressão da doença e suas complicações, reduzindo a necessidade de hospitalizações”, reforçou Ítalo Rodrigues.
Outras regiões como o Norte, Sul e Centro-Oeste também apresentaram diminuição nas internações por herpes simples ao longo dos anos. Em relação aos óbitos, os pesquisadores observaram maior prevalência entre mulheres e o maior fator de risco para as mortes foi a idade avançada, maior que 60 anos. Mas, observou-se uma prevalência da doença em crianças de 1 a 4 anos de idade. No geral, foram registradas 42 mortes de pessoas do sexo masculino e 57 do sexo feminino.
Custos para o setor público
Apesar de não ser uma infecção com alta taxa de mortalidade, apresenta gastos significativos para o sistema público de saúde. O gasto financeiro total com jovens, grupo que concentra o maior número de casos, foi de mais de R$ 2,5 milhões. A considerar o valor por paciente, o tratamento para cada jovem custou R$ 290, 76. Com adultos foi gasto quase R$ 2 milhões no total, o que corresponde a R$ 593,50 por paciente. Os idosos foram o grupo que mais onerou os serviços de saúde. No total foram gastos mais de R$ 1 milhão, o que significa um custo de R$ 732,85 por cada paciente idoso. Isso se justifica, principalmente, pela maior necessidade de hospitalizações de longo prazo e readmissões.
Também participaram do estudo, os farmacêuticos pesquisadores Plínio Robson Cavalcante Costa (Facimp); Luís Marcelo Vieira Rosa (UFMA); Rodrigo Luís Taminato (UFG); e Evaldo Hipólito de Oliveira (UFPI).